Plano busca combater crise penitenciária
O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta quarta-feira (18) a análise do Plano Pena Justa, criado pelo governo federal para enfrentar problemas estruturais no sistema carcerário brasileiro. A medida atende a uma determinação do próprio tribunal, que em decisão anterior declarou o sistema penitenciário como um “estado de coisas inconstitucional” devido às violações generalizadas de direitos dos detentos.
Objetivos e medidas do plano
O Plano Pena Justa, apresentado pela Advocacia Geral da União (AGU), tem como meta combater as condições degradantes nas prisões e implementar políticas para prevenir reincidências. A proposta foi elaborada com a contribuição de magistrados, advogados, sociedade civil e contou com 5.593 sugestões enviadas por cidadãos. Entre as principais medidas estão:
Recalcular vagas no sistema para evitar encarceramentos desnecessários.
Realizar mutirões semestrais para regularizar processos de detentos.
Melhorar a infraestrutura física dos presídios, garantindo saúde, educação e segurança alimentar.
Oferecer trabalho e educação aos presos, além de programas de saúde para populações vulneráveis.
Implantar a Política Nacional de Atenção à Pessoa Egressa (PNAPE) para facilitar a reintegração social.
Relatores divergem sobre alguns pontos
O presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, relator do caso, votou a favor da aprovação do plano, propondo que os estados apresentem cronogramas de execução em até seis meses. No entanto, ministros como Alexandre de Moraes e André Mendonça apresentaram ressalvas.
Moraes sugeriu a exclusão de pontos como:
Proibição de internações em hospitais de custódia para pessoas com transtornos mentais, tema ainda em análise em outro processo.
Contagem em dobro da pena em condições degradantes sem vínculo com estudo ou trabalho.
Instalação universal de câmeras para policiais penais, apontando riscos como o uso de imagens pelo crime organizado.
Debate sobre compensação penal
O ponto mais controverso é a compensação penal, que prevê redução de pena por situações degradantes. Para Moraes, é fundamental combater as causas estruturais desses problemas, em vez de diminuir a responsabilidade dos presos. Flavio Dino defendeu um debate mais aprofundado sobre o tema no Congresso.
Conclusão
Apesar de abordar um problema histórico, o plano evidencia a falta de soluções práticas e imediatas. A iniciativa é positiva, mas o governo deveria priorizar investimentos robustos em infraestrutura prisional e medidas preventivas que reduzam a superlotação, em vez de depender exclusivamente de ajustes paliativos.