A Petrobras decidiu reiniciar as obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN-III) em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul. Esta decisão foi influenciada por diretrizes do governo federal, que pretende reestabelecer a participação da estatal no setor de fertilizantes, considerado previamente pouco atrativo. Após uma análise cuidadosa, o projeto mostrou-se viável do ponto de vista econômico.
Wilson Guilherme da Silva, gerente-geral de Programas de Investimentos da Petrobras, esclareceu que a resolução não implica em uma retomada imediata. O projeto, avaliado em R$ 3,5 bilhões, incluirá essa despesa nas necessidades financeiras. Em novembro, planeja-se abrir o processo licitatório para contratar empresas, majoritariamente brasileiras, para concluir as obras.
Qual é a importância da UFN-III para o Brasil?
O Brasil depende da importação de grande parte dos fertilizantes utilizados na agricultura. A UFN-III, ao entrar em operação, poderá transformar essa realidade, aumentando a produção nacional. A unidade em Três Lagoas está estrategicamente localizada perto dos grandes mercados consumidores do Centro-Oeste, Sul e Sudeste do país.
O projeto da UFN-III prevê a produção de aproximadamente 1,2 milhão de toneladas de ureia e 70 mil toneladas de amônia por ano. A amônia serve como matéria-prima essencial para fertilizantes e produtos agroquímicos, enquanto a ureia é um fertilizante nitrogenado crucial no Brasil, especialmente no cultivo de milho e outras culturas agrícolas.
Por que a obra foi paralisada e qual é o status atual?
Iniciadas em 2011, as obras foram interrompidas em 2014 devido ao baixo desempenho do consórcio formado por Galvão Engenharia e Sinopec, responsáveis pela construção. Apesar disso, a Petrobras se esforçou para manter a unidade, que estava 81% concluída. A interrupção não foi devido a falta de atratividade econômica do projeto.
Nos 10 anos de paralisação, a planta sofreu desgaste natural, o que significa que a conclusão requer mais do que os 19% iniciais. Ajustes e melhorias serão necessários para a conclusão. Espera-se que a UFN-III volte a operar totalmente até 2028.
Perspectivas para o futuro do setor de fertilizantes no Brasil
Com a conclusão da UFN-III, o Brasil poderá reduzir significativamente sua dependência da importação de fertilizantes, oferecendo suporte direto ao setor agrícola nacional. Este avanço pode contribuir para uma economia mais sustentável e competitiva, especialmente em tempos de crescente demanda por recursos agrícolas.
A planta de Três Lagoas representa não apenas um avanço econômico, mas também estratégico, ao posicionar o Brasil para atender suas próprias necessidades de fertilização sem depender demasiado dos mercados internacionais.