Nesta terça-feira, 25, a Polícia Federal (PF) apresentou um relatório parcial no inquérito que apura se o deputado federal André Janones (Avante-MG) operou um esquema de rachadinha na Câmara dos Deputados.
Uma das primeiras ações da PF na investigação foi submeter ao Instituto Nacional de Criminalística os áudios em que o deputado solicita doações de assessores para compensar gastos de campanha. Os peritos concluíram que a voz nas gravações é de Janones, que já havia reconhecido a autenticidade dos áudios.
Os áudios foram comparados com gravações extraídas das redes sociais do deputado. Os peritos analisaram meticulosamente elementos como padrões fonéticos, vícios de pronúncia e expressões recorrentes, resultando em uma correspondência quase total – o penúltimo grau em uma escala de -4 a +4.
O delegado Roberto Santos Costa, responsável pela investigação, está finalizando a análise do material obtido a partir das quebras de sigilo bancário e fiscal do deputado e de seus assessores parlamentares.
Ele solicitou acesso a todas as movimentações financeiras entre janeiro de 2019, quando Janones assumiu seu primeiro mandato na Câmara, e janeiro de 2024.
Janones tem afirmado repetidamente que a investigação pelas autoridades competentes é o único meio de provar sua inocência. Nas redes sociais, declarou que já colocou suas contas à disposição dos investigadores.
PF Identifica Contradições em Depoimentos de Assessores e Aponta Indícios de Rachadinha
O deputado foi envolvido em suspeitas de corrupção após a divulgação dos áudios. Para a PF, a gravação é um indício do crime de corrupção passiva. O objetivo agora é verificar se os repasses de fato ocorreram.
“As diligências realizadas até agora sugerem a existência de um esquema de desvio de recursos públicos no gabinete do deputado”, afirmou a Polícia Federal no pedido de quebra de sigilo enviado ao STF em fevereiro.
Assessores de Janones já foram ouvidos pela PF. Eles alegaram que a gravação está fora de contexto e negaram a devolução dos salários, mas a Polícia Federal encontrou “inconsistências” e “contradições” nos depoimentos.
Alguns auxiliares relataram, por exemplo, que o deputado solicitou doações para uma “caixinha espontânea” destinada a cobrir despesas de campanha de assessores que viessem a se candidatar. Outros afirmaram que advogados aconselharam Janones a desistir da ideia.
Novos depoimentos serão agendados.