Uma sexta-feira muito louca para Mauro Cid que já teve a prisão decretada e revogada. Às 11h, ele deve prestar esclarecimentos para a PF
O tenente-coronel Mauro Cid foi preso na manhã desta sexta-feira (13). Segundo informações da CNN, o Supremo Tribunal Federal (STF) já mandou revogar a determinação de prisão. A TVT News irá atualizar as informações conforme ficarem públicas.
Enquanto a prisão era anunciada, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a revogação, antes que Cid fosse efetivamente detido. A Polícia Federal vai ouvir Cid às 11h. Também foi determinado pela Justiça um pedido de busca e apreensão na casa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, em Brasília.
A CNN diz que o pedido foi motivado por um possível plano de fuga estar sendo articulado com o ex-ministro do Turismo do governo Bolsonaro, Gilson Machado. Seria uma tentativa de atrapalhar processo.
A revista Veja publicou na quinta-feira (12), capturas de tela que mostram Mauro Cid usando uma conta falsa no Instagram sob o nome de “Gabriela R”. Em conversa com uma pessoa não identificada, Cid fala que Alexandre de Moraes é o cão.
O uso de redes sociais era proibido para o tenente-coronel em cláusula da delação premiada com a PF.
Mauro Cid usava perfil falso para manter diálogo com outras pessoas. Imagem: Revista veja/Reprodução
O tenente-coronel é delator no caso que julga tentativa de golpe por Jair Bolsonaro e outros aliados bolsonaristas, sendo considerado peça chave para desvendar os planejamento ou não do golpe. Nessa posição, ele não pode mentir e nem omitir sobre a trama golpista e outros casos relacionados ao governo Bolsonaro.
As condições da delação premiada podem ser revogadas pela PF, caso seja comprado que Mauro Cid não cumpriu com as regras do acordo.
Em um dia que faz frio em boa parte do Brasil, o tenente-coronel foi tirado das cobertas pela PF. Não bastasse o pequeno inconveniente no frio, esta sexta-feira é 13, uma data que celebra o terror, e os piores pesadelos do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro se concretizaram brevemente: uma determinação de prisão. Até parece um roteiro de filme.
*Em atualização
Principais pontos da delação de Mauro Cid
Mauro Cid afirmou que Bolsonaro “encaminhava diretamente” ataques a ministros do STF por mensagens.
O tenente-coronel também citou que o “gabinete de ódio”, grupo que espalhava fake news nas redes sociais, consistia em três assessores de Bolsonaro, que possuíam “relação direta” com o filho do ex-presidente, o vereador Carlos Bolsonaro, que coordenava as postagens. O grupo atuava em uma “salinha” sem janela no mesmo andar da sala de Bolsonaro.
Bolsonaro queria monitorar um suposto encontro de Moraes com o general Hamilton Mourão em São Paulo, no fim de 2022. O ex-ajudante de ordens disse no depoimento que “desconhece” outros motivos para o monitoramento do ministro do STF.
Bolsonaro pediu para que fossem inseridos dados falsos sobre as vacinas de covid-19 em seu cartão de vacinação e no de sua filha, Laura Firmo Bolsonaro. As informações foram adicionadas nos sistemas do Ministério da Saúde.
Mauro Cid disse que blindou o ministro da Defesa de Bolsonaro, Braga Netto, em primeiros depoimentos por “respeito pela hierarquia”. Braga Netto é general do Exército, patente superior à de Cid.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) pedia para participar dos eventos de Bolsonaro, mesmo que fossem em áreas fora da jurisdição da instituição. De acordo com Cid, essa atuação da PRF provocava conflitos com a equipe de segurança de Bolsonaro, que, por sua vez, deixava a corporação agir como queria.
Mauro Cid diz que nunca presenciou ordens de Bolsonaro a Silvinei Vasques, então diretor-geral da PRF, mas destaca que ambos eram próximos e que Silvinei costumava participar dos eventos do então presidente.
Braga Netto entregou dinheiro dentro de sacola de vinho para Mauro Cid no Palácio da Alvorada. A quantia foi passada para Rafael Martins de Oliveira, integrante dos chamados “kids pretos”, grupo das Forças Especiais do Exército, para financiar atos golpistas. Cid disse em delação que não se lembra do valor ou da data em que ocorreu a transação.
Bolsonaro pediu que joias sauditas fossem vendidas para pagar indenização à deputada Maria do Rosário, em 2019. O ex-presidente foi condenado por dizer, em 2014, quando ainda era deputado federal, que Rosário “não merecia ser estuprada”.
A venda das joias sauditas resultou em 86 mil dólares, ou R$ 489 mil, que foram repassados para Bolsonaro entre 2022 e 2023.