Dirigentes do União Brasil rejeitam a ideia de que o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, deveria ser afastado do cargo para se defender as denúncias de corrupção. O afastamento, para o partido, seria uma tentativa de “rifar” o ministro. A proposta tem sido defendida por uma ala do PT desde que Juscelino foi denunciado pela Polícia Federal (PF) por suspeita de participação em organização criminosa e crime de corrupção passiva.
Para o PT, o caso de Juscelino pode ser comparado ao do ministro da Casa Civil de Itamar Franco, Henrique Hargreaves, afastado pelo então presidente em 1993, também por denúncias de corrupção. Inocentado pela Justiça, Hargreaves retornou ao cargo.
A comparação incomoda a liderança do União Brasil, que lembra que as denúncias contra Hargreaves se referiam a atos ligados diretamente ao cargo que ocupava. Juscelino foi denunciado pela PF por desvios de pelo menos R$ 835,8 mil em obras de pavimentação custeadas pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) quando exercia o mandato de deputado federal.
Em nota divulgada na quarta-feira (12/6), o presidente do União Brasil, Antonio de Rueda, disse que “o partido não vai admitir pré-julgamentos ou condenações antecipadas” e que “indiciamento não deve significar culpa e o princípio de inocência e o devido processo legal devem ser rigorosamente respeitados”. Dessa forma, a tendência do partido é negar o afastamento de Juscelino caso ele seja proposto por Lula.
Em viagem à Suíça, o presidente afirmou que Juscelino tem o direito de provar sua inocência. “Eu acho que o fato do cara ser indiciado não significa que o cara cometeu um erro. Significa que alguém está acusando e que a acusação foi aceita. Agora, eu preciso que as pessoas provem que são inocentes e ele tem o direito de provar que é inocente”, disse Lula.
Em março de 2023, o presidente foi mais incisivo ao falar das denúncias contra o ministro por recebimento irregular de diárias e uso de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) em viagens de cunho pessoal. “Se ele não conseguir provar a sua inocência, ele não pode ficar no governo”, avisou Lula, na ocasião.