Neste 21 de agosto, completam-se 35 anos da morte de Raul Seixas, um dos maiores ícones da música brasileira. Conhecido como o “Maluco Beleza”, Raul foi além da carreira de cantor e compositor. Ele representou a rebeldia, a busca por liberdade e a contestação ao sistema em uma época marcada por transformações sociais e políticas no Brasil. A obra de Raul, cheia de referências filosóficas, esotéricas e comportamentais, tornou-se um marco na cultura popular.
Para o escritor e biógrafo de Raul Seixas, Jotabê Medeiros, tinha a capacidade dupla de falar com as ruas e, ao mesmo tempo, de dialogar com a cultura mais erudita. “Ele concentrou, como poucos artistas nacionais, a dupla capacidade de ser um fazedor de hits e também um filósofo popular, um pensador de alcance indeterminado. Por falar, como poucos, a linguagem do homem do povo, ele compôs canções que têm trânsito fácil tanto entre quem ama Bob Dylan e Leonard Cohen quanto quem ama Victor e Léo”, analisa Jotabê.
O historiador cearense Pierre de Sousa Grangeiro, pesquisador sobre Raul Seixas, o considera a figura mais importante e influente da história do Rock Brasileiro. “Com a mistura de Rock e Baião com uma pitada de Beatles e Bob Dylan, influenciou o que de melhor o rock nacional produziu até hoje. De Cazuza a Chico Science; de Raimundos a Pitty”, considera Pierre.
Por que Raul Seixas continua popular
Mesmo depois de 35 anos da morte de Raul Seixas, o artista permanece como um dos mais ouvidos e admirados do Brasil. Mas por que sua popularidade de Raul Seixas não diminuiu? Para o biógrafo de Raul Seixas, a longevidade da música dele, se deve aos fãs mais rigorosos. “Eles nunca esquecem as datas importantes do calendário raulseixista, nunca deixam de se manifestar a respeito de lançamentos, nunca param de celebrar a música de Raul em festas, shows e regravações, de transmitir às novas gerações a sua admiração”, considera o escritor.
Para o biógrafo, isso não seria possível com uma obra datada e sem qualidade. “ As músicas de Raul Seixas estão revestidas de um frescor que garante sua perenidade”, afirma Jotabê. As músicas abordam temas universais e atemporais, que continuam ressoando com as novas gerações. A rebeldia, a busca por liberdade e a crítica ao sistema são temas que ainda ecoam nos dias de hoje.
Além disso, Raul Seixas criou muita conexão com o público. A autenticidade e sinceridade fizeram com que os fãs se identificassem profundamente com as mensagens. O famoso grito “Toca Raul!” em shows de rock é uma prova de que seu legado continua vivo na cultura brasileira.
Toca Raul, as músicas mais pedidas de Raul Seixas
Se você já esteve em alguma apresentação ao vivo de uma banda ou cantor em um bar ou festival, já deve ter ouvido alguém gritar “Toca Raul”. A expressão se tornou meme, nome de quadro em programa de rádio e é um clássico em qualquer apresentação musical. Muitos entram no embalo da plateia e tocam um clássico de Raul Seixas.
De onde vem a brincadeira Toca Raul? Para o biógrafo de Raul Seixas, Jotabê Medeiros, há diversas explicações sobre a origem. Na biografia que ele escreveu de Raul (Não diga que a canção está perdida, Todavia), Jotabê conto uma história que teria começado em 1975.
“Começou com o paulista Isaac Soares de Souza, na cidade de Bariri, no interior de São Paulo, a 325 quilômetros da capital. Isaac juntou uma turma de amigos para promover uma espécie de flash mob em todos os locais onde estivesse havendo uma apresentação de qualquer artista, popular ou sertanejo. Eles apareciam como se fosse uma alcateia e berravam: toca Raul!. Hoje em dia é difícil dizer onde ela não é berrada”, conta Jotabê
Quem foi Raul Seixas
Raul Seixas nasceu em Salvador, na Bahia, em 28 de junho de 1945. Desde jovem, ele demonstrou interesse pelo rock and roll, estilo que ganhava força nos Estados Unidos. A carreira começou na década de 1960, mas foi nos anos 1970 que ele se consolidou como um dos grandes nomes da música brasileira, com sucessos como “Maluco Beleza”, “Metamorfose Ambulante” e “Ouro de Tolo”.
Raul Seixas não era apenas um músico; ele era um pensador. As letras abordavam temas como liberdade, espiritualidade, crítica social e busca por uma vida autêntica. Ele foi um dos primeiros a trazer o rock para o cenário musical brasileiro, misturando elementos do rock internacional com a cultura brasileira, criando um estilo que o diferenciou de outros artistas.
Envie suas músicas favoritas de Raul Seixas pelo Instagram da Rede TVT
E você, qual o seu Toca Raul preferido? Para o historiador Pierre Grangeiro são dois álbuns antológicos. “O primeiro e revolucionário Krig Ha Bandolo, de 1973, que mostrou ao Brasil a força da mistura de Elvis e Luiz Gonzaga e o início da parceria com Paulo Coelho. E Novo Aeon, que considero sua obra máxima.
O biógrafo e escritor Jotabê Medeiros, concorda com o colega historiador. “Os dois primeiros discos solo, Krigh Ha, Bandolo! e Gîtâ, são obras-primas, álbuns irretocáveis. Ambos marcam o auge da parceria com Paulo Coelho, uma das maiores da música popular do mundo todo, no mesmo nível de Lennon e McCartney. Krig Ha, Bandolo!, de 1973, tem ponto de umbanda, rock’n’roll, crítica política, crítica social, híbridos de gêneros. É uma revolução. Já o disco seguinte, Gita, de 1974, traz uma ampliação do pensamento existencial, místico, para a música brasileira, renova a possibilidade de os ouvintes refletirem sobre sua condição no mundo, a morte, a solidão, suas motivações filosóficas. É outra revolução”, analisa Jotabê.
Para marcar os 35 anos sem Raul Seixas, convidamos você a participar de uma homenagem especial ao cantor. Acesse o Instagram da Rede TVT (@redetvt) e envie quais são as músicas de Raul Seixas que mais marcaram sua vida. Queremos saber quais letras continuam inspirando você e por quê.