Um relatório preliminar do Tribunal de Contas da União (TCU) identificou práticas do governo Luiz Inácio Lula da Silva que, segundo os auditores, colocam em risco a estabilidade fiscal do país. A auditoria foi autorizada em dezembro de 2024 pelo presidente da Corte, ministro Vital do Rêgo Filho, e revelou ações irregulares no uso de recursos públicos, com possível impacto direto sobre inflação, juros e confiança do mercado.
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o documento será apresentado nesta quarta-feira (23), durante audiência pública no TCU. A expectativa é de que representantes da equipe econômica estejam presentes. O caso está sob relatoria do ministro Bruno Dantas.
Uso de fundos paralelos e crédito sem controle orçamentário
O relatório aponta que o governo tem recorrido a estratégias paralelas para executar gastos públicos fora do Orçamento Geral da União. Um dos principais métodos é o uso de fundos privados ou de entidades públicas para financiar políticas, sem o devido controle orçamentário.
Outro ponto crítico diz respeito à concessão de crédito utilizando recursos da União, sem transparência ou autorização orçamentária adequada. Além disso, os técnicos observaram a falta de recolhimento de receitas à Conta Única do Tesouro Nacional e gestão opaca desses fundos.
Para os auditores do TCU, tais práticas violam os princípios constitucionais de legalidade, publicidade e eficiência, além de comprometerem a sustentabilidade do regime fiscal brasileiro.
Relatório alerta para consequências econômicas imediatas
O TCU destaca que a credibilidade das contas públicas está ameaçada por essas manobras, o que aumenta o risco fiscal e pressiona o Banco Central a adotar medidas mais duras na política monetária.
Segundo o documento, as consequências podem incluir:
Aumento nas taxas de juros
Desvalorização da moeda nacional
Aceleração da inflação
Fuga de capitais internacionais
Apesar de algumas dessas práticas receberem aval do Congresso Nacional, os auditores argumentam que a chancela legislativa não elimina os impactos negativos sobre a economia real e o ambiente de negócios.
Silêncio do governo Lula diante das acusações
O Palácio do Planalto não se manifestou oficialmente sobre os pontos levantados no relatório. Como a auditoria ainda está em curso, o plenário do TCU poderá reavaliar as conclusões caso o governo apresente justificativas formais e documentos técnicos que sustentem as decisões adotadas.
Entretanto, até o momento, o silêncio do governo tem sido interpretado como uma tentativa de evitar desgaste político num momento em que a política fiscal está sob crescente escrutínio de analistas, investidores e agências de risco.