Um recente episódio envolvendo críticas à condução dos acontecimentos relacionados ao dia 8 de janeiro de 2023 trouxe à tona uma perspectiva surpreendente vinda de um site identificado com a esquerda política. Em um movimento incomum, o portal condenou publicamente a abordagem do Supremo Tribunal Federal sobre os desdobramentos do episódio, apontando falhas graves nos princípios aplicados e alertando para os riscos de um estado policialesco que pode impactar não apenas a direita, mas eventualmente a própria esquerda.
A análise partiu de Rui Pimenta, conhecido comentarista político e figura associada a visões mais críticas dentro do espectro progressista. Em uma declaração incisiva, Pimenta destacou o que considera um desvirtuamento dos valores fundamentais do Estado de Direito, afirmando que “tudo o que você faz é perigoso, tudo o que você faz é criminoso”. Segundo ele, a atual dinâmica judicial permite condenações baseadas em interpretações subjetivas, o que abre espaço para arbitrariedades e instrumentalização política da Justiça. Pimenta enfatizou que os princípios democráticos devem ser preservados independentemente de quem esteja no centro das acusações, lembrando que um eventual descaso com essas garantias básicas pode criar precedentes perigosos para todos, inclusive para aqueles que hoje se consideram protegidos pelo sistema.
A fala de Pimenta ressoou amplamente entre aqueles que têm acompanhado com preocupação o aumento do que chamam de judicialização excessiva da política no Brasil. Ele criticou o discurso que associa as manifestações de 8 de janeiro a um suposto golpe, afirmando que “o golpe nunca aconteceu” e questionando as evidências apresentadas para justificar as punições severas que vêm sendo aplicadas. Para ele, o tratamento dado aos envolvidos nos eventos daquele dia pode ser interpretado como uma forma de repressão que não se limita a punir culpados, mas que também serve para intimidar opositores políticos e consolidar uma narrativa conveniente para determinados grupos.
Mais surpreendente do que a crítica ao STF, no entanto, foi a identificação da Rede Globo como o verdadeiro “monstro” por trás do que Pimenta classificou como um estado policialesco em implantação. Segundo ele, a emissora exerce uma influência desproporcional sobre a opinião pública e as instituições, moldando narrativas e, muitas vezes, legitimando ações que comprometem a liberdade e os direitos individuais. A Globo, de acordo com sua análise, não apenas desempenha um papel central na promoção de determinadas agendas, mas também age como um catalisador para o avanço de práticas que minam as bases da democracia.
A reação de setores progressistas, como o portal que deu destaque às palavras de Pimenta, evidencia uma crescente preocupação com os rumos tomados pela política brasileira, mesmo entre aqueles que, até recentemente, defendiam a atuação do STF e de outras instituições como um contrapeso necessário ao bolsonarismo. Essa mudança de postura reflete um entendimento mais amplo de que os mecanismos utilizados para combater adversários políticos podem eventualmente se voltar contra qualquer grupo que desafie o status quo, independentemente de sua orientação ideológica.
A Rede Globo, alvo recorrente de críticas de diferentes espectros políticos, foi apontada por Pimenta como um elemento essencial nesse processo de deterioração das garantias democráticas. Ele destacou que a emissora tem usado seu alcance para justificar ações que beiram o autoritarismo, ao mesmo tempo em que constrói uma imagem de imparcialidade e compromisso com a democracia. Para Pimenta, essa postura é enganosa e representa uma ameaça tão grave quanto as ações das instituições que ela frequentemente endossa.
O vídeo com as declarações de Rui Pimenta rapidamente viralizou, gerando debates intensos nas redes sociais. Enquanto muitos celebraram a coragem do comentarista em apontar falhas em um sistema que ele próprio já defendeu, outros criticaram o que consideram um oportunismo político, acusando-o de tentar capitalizar sobre o desgaste do STF e da Globo para se reposicionar no debate público. Independentemente das motivações, o episódio evidencia um desconforto crescente com a forma como o poder tem sido exercido no Brasil, tanto no âmbito institucional quanto midiático.
A discussão também trouxe à tona uma questão fundamental: até que ponto a polarização política no Brasil tem mascarado problemas estruturais mais profundos? Para alguns analistas, as críticas de Pimenta sinalizam uma possibilidade de diálogo entre diferentes correntes políticas em torno de temas como a defesa das liberdades individuais e a limitação do poder estatal. No entanto, para que isso aconteça, será necessário superar as barreiras ideológicas que hoje impedem uma análise mais objetiva e colaborativa dos problemas enfrentados pelo país.
Enquanto isso, a Globo segue no centro das atenções, recebendo tanto apoio quanto críticas por sua postura diante dos acontecimentos. Para Pimenta, a emissora representa um dos maiores desafios para a democracia brasileira, não apenas por sua capacidade de influenciar, mas também pela maneira como utiliza essa influência para sustentar narrativas convenientes ao sistema que ela ajuda a perpetuar. Seu alerta é claro: o “monstro” que hoje ameaça a direita pode, em um futuro próximo, devorar também a esquerda, caso não haja uma reação à altura para conter sua expansão.
Assista:
Até o maior portal Lulista do Brasil já sabe: é conversa mole a história de golpe e a Globo é que representa o verdadeiro golpismo.
Finalmente a esquerda tá começando a entender que tudo é uma narrativa e que a Globo é o problema. pic.twitter.com/4ieNgpKwEL
— Kim D. Paim (@kimpaim) January 12, 2025