Cerimônia reuniu tropas de aliados do Sul Global e exibiu poderio militar russo diante de dezenas de lideres estrangeiros
A Rússia promoveu nesta sexta-feira (9) uma grandiosa celebração do 80º aniversário do Dia da Vitória, data que marca a rendição da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. O tradicional desfile militar na Praça Vermelha, em Moscou, ganhou uma dimensão especial neste ano, reunindo líderes de dezenas de países e demonstrando o poderio militar russo, em meio a um cenário geopolítico em transformação.
O evento contou com a presença de 29 líderes internacionais, entre eles os presidentes Xi Jinping (China), Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Nicolás Maduro (Venezuela) e Miguel Díaz-Canel (Cuba). Também estiveram presentes representantes de países africanos, asiáticos e do Oriente Médio. A formação desse bloco global é vista como um sinal claro de que a Rússia mantém e expande suas parcerias estratégicas, especialmente com nações do Sul Global.
Putin destacou a presença desses chefes de Estado em seu discurso, agradecendo o apoio em tempos de “transformações globais” e ressaltando a “amizade sólida e duradoura” com seus parceiros. A unidade demonstrada no evento refletiu um esforço coordenado de fortalecer laços políticos, econômicos e militares fora da órbita das potências ocidentais.
Desfile de tropas e exibição de armamentos
Mais de 11 mil militares participaram do desfile, incluindo cerca de 1.500 soldados que lutam na “operação militar especial” na Ucrânia. As tropas marcharam em formação precisa, sob aplausos de milhares de presentes. Também desfilaram contingentes militares de países aliados, como China, Índia, Bielorrússia, Vietnã e Síria, que participaram pela primeira vez em uniformes cerimoniais ao lado das tropas russas.
Na parte de exibição de equipamentos, foram apresentados 183 sistemas de armas — entre veículos históricos da Segunda Guerra Mundial e armamentos de última geração. Tanques T-90, sistemas de mísseis Iskander, drones de combate Orion e complexos antiaéreos S-400 compuseram o arsenal exibido. A passagem de lançadores de mísseis intercontinentais Yars atraiu atenção especial pela magnitude dos equipamentos e por seu simbolismo estratégico.
Discurso de Putin no Dia da Vitória: patriotismo, história e soberania
O presidente Vladimir Putin discursou em tom solene e combativo, resgatando a memória da Grande Guerra Patriótica (como é chamada a Segunda Guerra Mundial na Rússia) para reforçar valores de patriotismo, soberania e continuidade histórica. “A verdade está do nosso lado. Estamos orgulhosos de sua coragem e determinação, de sua força de espírito, que sempre nos levou à vitória”, afirmou, referindo-se aos soldados russos no campo de batalha atual.
Em outro trecho do discurso, ele afirmou:
“O povo soviético esmagou o nazismo e salvou o mundo da escravidão. Hoje, nossos heróis continuam esse legado histórico, defendendo nossa pátria contra novas ameaças.”
Putin também destacou a importância da unidade nacional e do apoio popular às Forças Armadas:
“Todo o país, a sociedade e o povo apoiam os participantes da operação militar especial. É uma missão de honra, que nos une ao passado glorioso e nos projeta para um futuro soberano.”
O presidente russo ainda criticou tentativas de reescrever a história e apagar a contribuição da União Soviética na vitória contra o nazismo, classificando tais movimentos como “inadmissíveis” e “perigosos para a paz mundial”.
Segurança e organização
A cerimônia ocorreu sob rígido esquema de segurança. Diante do aumento das tensões regionais e de ameaças externas, a cidade de Moscou foi amplamente monitorada. Autoridades civis e militares atuaram em conjunto para garantir a realização segura do evento, que também foi transmitido ao vivo para dezenas de países.
O desfile militar de 2025 simbolizou não apenas uma comemoração histórica, mas também uma clara demonstração de força e de alianças consolidadas em um cenário internacional em transformação. A Rússia utilizou a data para reafirmar sua identidade nacional, homenagear seus veteranos e projetar seu papel geopolítico.
Com informações da Sputnik Brasil
