O ex-presidente Jair Bolsonaro começa a delinear o futuro da direita para as eleições presidenciais de 2026. Segundo informações reveladas pelo jornal O Globo e repercutidas pelo Jornal da Cidade Online, Bolsonaro determinou que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sejam incluídos em todas as pesquisas de intenção de voto contratadas pelo Partido Liberal (PL). A medida deixa claro que o ex-presidente já trabalha para estruturar o cenário eleitoral do próximo pleito, mesmo ainda inelegível.
Nos bastidores, Bolsonaro mantém forte influência dentro do PL. Apesar de não confirmar publicamente qualquer apoio oficial a um sucessor, o ex-presidente tem insistido em testar a aceitação de Michelle e Tarcísio junto ao eleitorado. Ambos aparecem como nomes de confiança para manter vivo o legado conservador que Bolsonaro construiu ao longo dos últimos anos.
A orientação de Bolsonaro é seguida à risca pela direção do PL, que vê a necessidade de preparar alternativas sólidas para a sucessão. A legenda, ciente da inelegibilidade do ex-presidente, entende que consolidar nomes fortes desde já é essencial para manter o grupo competitivo em 2026. O trabalho de fortalecimento das figuras de Michelle e Tarcísio já começa a ganhar corpo, com ambos sendo convidados para eventos e agendas públicas relevantes.
Bolsonaro ainda lidera intenções de voto
Apesar das limitações jurídicas, Bolsonaro continua sendo o principal nome da oposição. A última pesquisa encomendada pelo PL aponta que o ex-presidente lidera as intenções de voto contra o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nos cenários analisados, Bolsonaro venceria Lula tanto no primeiro quanto no segundo turno, o que demonstra que seu capital político segue intacto junto a uma parcela significativa do eleitorado.
De acordo com o levantamento da Paraná Pesquisas, Bolsonaro teria 46% das intenções de voto contra 40,4% de Lula. A pesquisa também analisou cenários com Michelle Bolsonaro e Tarcísio de Freitas como candidatos, confirmando que a base conservadora se mantém forte mesmo na ausência direta do ex-presidente na disputa.
Quando Michelle Bolsonaro é colocada como candidata, Lula volta a liderar no primeiro turno. Contudo, no segundo turno, Michelle derrotaria o petista por 45% a 41%. Já Tarcísio de Freitas venceria Lula com 43,4% contra 40,6%, também dentro da margem de erro. Esses dados animaram a base bolsonarista, que enxerga em Michelle e Tarcísio opções viáveis para manter o projeto político iniciado em 2018.
Construção de imagem
Diante do cenário promissor, o PL articula uma estratégia de fortalecimento da imagem pública de Michelle Bolsonaro e Tarcísio de Freitas. A ex-primeira-dama, que já tem forte apelo popular principalmente entre o eleitorado evangélico e conservador, deverá intensificar sua presença em eventos públicos e sociais. Michelle é vista como um nome capaz de unir a base bolsonarista e, ao mesmo tempo, atrair novos públicos, especialmente mulheres e jovens.
Tarcísio de Freitas, por sua vez, é considerado um gestor técnico e pragmático. À frente do governo de São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, Tarcísio trabalha para se consolidar como uma liderança nacional. Seu perfil moderado e a boa avaliação de seu governo o colocam como uma alternativa capaz de dialogar tanto com o núcleo duro do bolsonarismo quanto com setores mais amplos da direita e do centro.
Desafios e próximos passos
Apesar dos bons números, a missão de consolidar uma sucessão para Bolsonaro não será fácil. A esquerda, liderada por Lula, ainda possui forte influência e tentará minar qualquer candidatura que se apresente como continuadora do projeto conservador. Além disso, a mídia tradicional tende a adotar uma postura crítica aos nomes apoiados por Bolsonaro, o que exigirá habilidade na construção de narrativas positivas.
Internamente, o PL também precisa manter a coesão para evitar disputas prematuras que possam enfraquecer o grupo. A escolha entre Michelle e Tarcísio, caso Bolsonaro permaneça inelegível, deve ser feita de forma estratégica e consensual para evitar divisões.
Por ora, a orientação é clara: testar os dois nomes ao máximo e medir sua evolução nas pesquisas ao longo dos próximos meses. A movimentação de Bolsonaro demonstra que, mesmo fora das urnas, ele segue como uma peça central no tabuleiro político brasileiro, moldando o futuro da direita e preparando sua sucessão para 2026.