Recentemente, a cantora Jojo Todynho, figura conhecida no cenário musical brasileiro, declarou-se abertamente como “mulher preta e de direita“. Este posicionamento desencadeou uma série de reações que colocam em evidência questões profundas sobre intolerância, preconceito e a prática do cancelamento cultural por parte de setores que se autodenominam progressistas.
A execração pública de Jojo Todynho não se restringiu ao ambiente digital. Uma empresa de cosméticos, que se posiciona como progressista, decidiu não renovar o contrato com a cantora, o que pode ser visto como uma forma de boicote. Esse movimento não é isolado; a escola de samba Mocidade também confirmou a saída de Jojo Todynho, indicando que mesmo em espaços culturais, a coerência ideológica é exigida de maneira quase punitiva. Isso levanta uma questão crucial: até que ponto o alinhamento político deve ditar a aceitação ou rejeição de um indivíduo na sociedade ou no mercado?
Para muitos ativistas de esquerda, Jojo Todynho parece não preencher os requisitos esperados para alguém de sua condição social e racial. A lógica parece ser que, por ser negra e oriunda de uma comunidade carente, ela deveria, por “óbvio”, aderir às pautas progressistas. Essa expectativa revela um sectarismo preocupante, onde a diversidade de pensamento dentro de grupos considerados como minorias não é apenas desencorajada, mas punida. A esquerda, que frequentemente defende a diversidade e a inclusão, parece aqui ter um critério seletivo quando se trata de ideologias que divergem das suas.
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Jojo Todynho tem sido alvo de discursos de ódio, algo que ironicamente é frequentemente apontado pela esquerda como uma tática direitista. Este fenômeno expõe uma hipocrisia palpável: enquanto acusa a direita de promover intolerância, a própria esquerda, em certas ocasiões, mostra-se capaz de semelhante intolerância. A crítica aqui não é sobre a validade das posições políticas, mas sobre o método de repressão ao pensamento divergente, que deveria ser anátema para qualquer movimento que se preze pela liberdade de expressão.
O caso de Jojo Todynho serve como um espelho para a sociedade brasileira e para o debate político mais amplo. Ele revela que a prática de cancelar e execrar publicamente pode vir de qualquer espectro político, não sendo exclusividade de um lado ou de outro. A sociedade precisa refletir sobre como podemos discutir e discordar sem recorrer ao silenciamento ou à punição de quem pensa diferente. A verdadeira diversidade inclui a diversidade de pensamento, e a verdadeira inclusão deve acolher todos, não apenas aqueles que se alinham com uma ideologia específica.
Afinal, a democracia e o debate saudável não sobrevivem em um ambiente onde a discordância é tratada como heresia. É imperativo que, ao buscarmos uma sociedade mais justa e inclusiva, não nos tornemos nós mesmos os opressores daqueles que não compartilham completamente de nossas visões de mundo.
Por Júnior Melo