BRASÍLIA – Aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Junio Amaral (PL-MG) afirmou que muitos de seus colegas na Câmara Federal se abstêm ou se manifestam de forma contrária à anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro porque “têm rabo preso” com o Supremo Tribunal Federal (STF) e não querem “comprar briga”. Ele concedeu entrevista ao O TEMPO Brasília no Café com Política.
A anistia é tema de um projeto de lei que está travado. A oposição faz uma ofensiva para tentar colocar o tema em pauta no plenário, mas ainda não recebeu sinalização pública do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que tem poder de incluir um texto na lista de votações.
“O que eu percebo em relação à insegurança de alguns deputados, e até em manifestação de indecisão, é por grande parte deles – eu não vou citar o nome, mas isso é muito claro para qualquer um que acompanha – ter rabo preso”, declarou.
“Sabem que essa é uma briga que o STF assumiu para si, por uma questão de vaidade e de disputa política, e não querem comprar essa briga. Então eles também ficam com medo de seus processos que estão em andamento. […] Muitos deputados que têm o rabo preso preferem nem se manifestar ou já se manifestam contrários para não comprar essa briga com o Supremo”, completou.
Para o deputado mineiro, é “muito fácil demonstrar as injustiças, os exageros e os abusos” do STF nas mais de 500 condenações já assinadas aos envolvidos na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, especialmente na dosimetria das penas, que chegam a 17 anos de prisão.
Segundo Amaral, “ficou claro para todo mundo que o STF tem se comportado como uma instituição política, e não jurídica”. “Eu não acho que as pessoas que cometem crimes, ainda que num contexto político, devem ficar impunes não”, disse. “Mas a pessoa que depreda, ela tem que pagar pelo crime de depredação. E não ser inventado, ser criada uma história de golpe para uma pessoa que tacou uma pedra numa janela”.
Junio Amaral admite que a discussão de anistia “até cria de fato brecha” para beneficiar Bolsonaro, se o ex-presidente – já réu – for condenado pela suposta trama golpista. Mas essa, de acordo com o deputado, deve ser uma discussão à parte, já que “o próprio [ex-]presidente pediu para ficar de fora” do atual debate.
O parlamentar afirmou que há um “interesse” em tirar Bolsonaro “do jogo” para as eleições de 2026, com movimento de “alguns políticos de centro, inclusive”, e que construir um outro nome por conta da inelegibilidade do ex-presidente pode abrir espaço para “oportunistas”.
“Não tem crime nenhum provado [contra Bolsonaro]”, afirmou. “Se a gente já começa a falar sobre uma segunda alternativa, a gente começa a abrir para que alguns oportunistas enganem a população, enganem o eleitor da direita. Então é importante que essa união se mantenha enquanto for possível em torno do nome de Bolsonaro”, declarou, destacando que tem uma predileção pessoal pelo filho do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Veja a entrevista completa: