O ano de 2024 foi marcado por uma inflação acima do esperado no Brasil, atingindo 4,83%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Este valor ultrapassou o teto da meta estabelecida em 4,5%, gerando preocupações e respostas do Banco Central sobre o descumprimento dos objetivos econômicos.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, comunicou ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, as causas desse desvio através de uma carta aberta. Entre os principais fatores mencionados estavam o forte crescimento econômico e eventos climáticos adversos, mas o destaque foi para a valorização do dólar frente ao real, que elevou a inflação.
Quais fatores contribuíram para o aumento da inflação em 2024?
A valorização do dólar teve um papel significativo, com um aumento de 24,5% em relação ao real, contribuindo com 1,21 ponto percentual para o desvio da inflação em comparação à meta estabelecida. Além disso, outros elementos também pesaram no cálculo inflacionário.
- Inércia inflacionária de 2023: Esta dinâmica, herdada do ano anterior, teve uma contribuição significativa de 0,52 ponto percentual.
- Hiato do produto: A diferença entre o potencial de crescimento da economia e o seu desempenho efetivo adicionou 0,49 ponto percentual ao índice inflacionário.
- Expectativas de inflação desancoradas: A percepção do mercado e dos consumidores sobre a inflação futura trouxe um impacto de 0,30 ponto percentual.
Como o Banco Central planeja conter a inflação?
Para enfrentar o desafio inflacionário, o Banco Central sinalizou a continuidade do ciclo de alta da taxa de juros. A taxa Selic, que está atualmente em 12,25% ao ano, deverá ser elevada em até dois pontos percentuais nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). Esta estratégia visa conter a inflação e trazê-la de volta aos parâmetros considerados aceitáveis.
Quais desafios futuros o Brasil pode enfrentar com a inflação?
O Banco Central projeta que a inflação continuará acima do intervalo de tolerância até o terceiro trimestre de 2025. Contudo, a expectativa é de que comece a diminuir após esse período. Os desafios não se limitam apenas ao controle da inflação; é necessário considerar também a alta dos preços dos alimentos, que registrou um aumento considerável de -0,52% em 2023 para 8,22% em 2024, refletindo as flutuações nas commodities agrícolas e no ciclo do boi.
O compromisso com a convergência da inflação segue firme, mas o cenário global e doméstico requer vigilância constante para ajustar políticas que possam auxiliar na estabilização da economia nacional.