O senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional do Progressistas e figura influente da política brasileira desde os anos 1990, passou a enfrentar uma onda de críticas nas redes sociais e na imprensa desde que seu nome passou a ser ventilado como possível vice na chapa presidencial de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para as eleições de 2026. A especulação ganhou força durante um evento em São Paulo, em 22 de maio de 2025, com a presença de líderes do PP e PL — ato que sinalizou o esboço de uma coalizão de centro-direita com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Desde então, denúncias não comprovadas começaram a circular, com destaque para uma postagem do jornalista Ricardo Noblat, feita em 7 de julho de 2025, em que se menciona um suposto envolvimento de Nogueira com a casa de apostas 7Gamesbet, de propriedade de Fernando Oliveira Lima. Noblat citou relatórios da CPI das Apostas Esportivas (CPI das Bets) e movimentações financeiras rastreadas pelo Coaf, que apontariam a compra de três apartamentos em Teresina por meio da empresa Ciro Nogueira Agropecuária e Imóveis. No entanto, até o momento, não há qualquer comprovação judicial ou evidência robusta que sustente essas acusações.
A coincidência entre o crescimento das especulações eleitorais e a multiplicação das denúncias levantou suspeitas entre aliados do senador. Embora não haja provas de uma campanha articulada, o tom das postagens nas redes sociais e a organização de manifestações previstas para o dia 10 de julho de 2025, com slogans como “Piauí não reeleja Ciro Nogueira” e memes com o personagem “Tigrinho” (símbolo das apostas), indicam um movimento com possível viés político. Grupos de esquerda e perfis que defendem pautas como a taxação de bilionários e o combate à “mamata no Congresso” têm liderado a mobilização digital.
Apesar de algumas interpretações mais radicais classificarem as críticas como fruto de uma suposta “milícia de esquerda”, a realidade observável até agora é de um cenário de disputa política intensificada, mas ainda sem comprovação de articulação organizada ou financiamento irregular. Noblat, que já foi acusado de alinhamento à esquerda por críticos bolsonaristas, tem mantido um tom crítico ao campo conservador, o que alimenta ainda mais a polarização em torno do caso.
Enquanto a ofensiva contra Ciro Nogueira ganha visibilidade, não há processos judiciais ou decisões do STF que configurem qualquer condenação ou responsabilização formal do senador. Aliados consideram que se trata de uma estratégia para descredenciar uma liderança influente antes mesmo do lançamento oficial da chapa Tarcísio-Nogueira. Para eles, o que se vê é mais uma tentativa de minar adversários políticos do que a revelação de um escândalo real.
A resposta definitiva, no entanto, deve vir das investigações oficiais — e, principalmente, das urnas. Até lá, o embate entre narrativas promete se acirrar ainda mais.
Estamos dispostos a colaborar, como sempre estivemos e estaremos. Não fazemos oposição ao Brasil. Chegou a hora do país, como nação, agir acima de projetos políticos pessoais ou ideológicos de qualquer lado e construir uma solução para o rombo fiscal, que exige mais do que…— Ciro Nogueira (@ciro_nogueira) July 6, 2025
Por Júnior Melo
