Em 1968, no México, ele se tornou o primeiro brasileiro a conquistar uma medalha no boxe
A Câmara Municipal de Santo André, organiza neste sábado (24), às 17h, a exibição gratuita do filme “Servílio“, que conta a trajetória do pugilista brasileiro Servílio de Oliveira. Saiba mais em TVT News.
O atleta sagrou-se como o primeiro medalhista olímpico da história do boxe brasileiro ao conquistar o bronze nas Olimpíadas realizadas no México, em 1968. O feito histórico garantiu ao Brasil a 14ª medalha da história do país nos Jogos.
“Pra é uma honra o reconhecimento da minha trajetória. Mas, o mais importante, é essa referência que fica pra juventude que está crescendo ver que é possível continuar essa história”, afirmou Servílio.
A realização do documentário é uma iniciativa da produtora independente andreense MurMur, com direção do cineasta Guilherme Escapacherri e investimentos da Lei Paulo Gustavo de incentivo cultural.
A realização do evento é organizada pelo mandato do vereador Ricardo Alvarez (PSOL) e conta com apoio de instituições como a UFABC, com o curso Africanidades, a Primavera Negra do PSOL, a Confederação de Capoeira Desporto do Brasil, a Federação Paulista de Capoeira, o FonsanPotma, o Ilê Ajê e as entidades Berimbras e Cadernos Negros.
Quem é Servílio de Oliveira?
Servílio de Oliveira nasceu em 06 de maio de 1948 em São Paulo. É um ex-pugilista brasileiro que conquistou a primeira medalha olímpica do país no boxe. Bronze em 1968, na Cidade do México.
Homem negro de origem humilde, foi obrigado a trabalhar desde cedo para ajudar no sustento da família e, mesmo diante das dificuldades, destacou-se ainda jovem em ringues amadores.
À época da conquista do bronze, Servílio era metalúrgico na antiga fábrica da Pirelli, em Santo André, e trabalhava durante o dia, tendo que treinar no período da noite. Mesmo com essa sobrecarga, conquistou a medalha inédita para a categoria.
Aos 12 anos de idade, após ver o ídolo Éder Jofre sagrando-se campeão mundial de boxe e também influenciado pelos irmãos mais velhos, Servílio começou a frequentar a academia Caracu Boxe Clube , na rua Aurora, próxima a praça da República, centro velho de São Paulo.
Ele costumava a pegar emprestadas as luvas dos irmãos, quando eles saiam pra trabalhar. Servílio, assim como outros jovens da época, era entusiasmado com o título mundial conquistado por Éder Jofre na categoria Galo , em 1960.
Em 1965, com o fechamento da academia Caracu, Servílio transferiu-se para a academia Flamingo , da Rua Florêncio de Abre, travessa da Avenida Senador Queiroz.
Em 1966, foi campeão do tradicional campeonato d’ A Gazeta Esportiva . No Ginásio Pacaembu lotado, derrotou por pontos o lutador Mourival Rodrigues Maia, do Clube Esportivo da Penha . No mesmo ano, venceu o Torneio dos Campeões e foi vice-campeão paulista.
Sua escalada em direção aos Jogos Olímpicos deu-se no ano de 1967, quando foi campeão paulista, campeão brasileiro, campeão do Torneio dos Campeões e foi quarto colocado nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg (Canadá) .
Antes de embarcar para as Olimpíadas de 1968, venceu novamente o Campeonato Paulista , o Brasileiro e também o Campeonato Latino-Americano , em Santiago (Chile). Considerado por muitos, o mais talentoso boxeador brasileiro depois do próprio Éder Jofre, Servílio conquistou a medalha de bronze nos Jogos da Cidade do México , em 1968, na categoria Mosca (até 51 quilos). A única medalha obtida pelo país no boxe olímpico até o ano de 2012.
,Mas ir ao México competir não foi nada fácil. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) queria deixar atletas de algumas modalidades de fora, para dar prioridade aos esportes coletivos. Graças a insistência da equipe de pugilismo, que bateu na porta da entidade, Servílio conseguiu ir.
No México, disputando na categoria Peso Mosca , Servílio venceu Engin Yedgard, da Turquia, e Joe Destimo, de Uganda. Na semifinal, foi derrotado pelo mexicano, Ricardo Delgado. Uma decisão que foi muito discutida pelos jurados, em que Servílio perdeu por pontos (3 a 2).
Depois das Olimpíadas de 1968, ele profissionalizou-se e manteve o alto nível em suas lutas. Chegou a disputar 12 lutas, vencendo todas. Foi novamente campeão brasileiro, campeão sul-americano, no Equador, e chegou ao terceiro lugar no ranking mundial.
Em 1971, em sua 13º luta como profissional, quando lutava contra o americano, Tony Moreno, recebeu uma cabeçada involuntária no olho esquerdo. Mesmo assim, levou a luta até o fim e venceu. Somente depois ficou sabendo que havia sofrido um deslocamento de retina, que atrapalhou a sua trajetória rumo ao título mundial. Por causa desse problema e por ordens médicas, o plugista foi obrigado a abandonar o boxe aos 23 anos, porém não deixou o esporte.
Em 1975, retornou aos ringues e, após algumas vitórias consecutivas, sagrou-se novamente campeão brasileiro do Peso Mosca . Tentou disputar o título sul-americano, mas o Conselho Mundial de Boxe o impediu de enfrentar o chileno Martin Vargas, devido ao problema de vista.
Em 1978, encerrou definitivamente sua carreira como boxeador, com um histórico de 30 vitórias e 5 derrotas como amador e 20 vitórias em 20 lutas, como profissional. Depois disso, virou treinador e empresário e revelou inúmeros pugilistas da nova geração do boxe brasileiro.
Ele se tornou advogado depois que se aposentou dos ringues e atualmente é comentarista de boxe na emissora ESPN.
O filme:
“Servílio” é um longa-metragem documental desenvolvido pela Murmur Filmes, uma produtora audiovisual independente do Grande ABC, criada em 2020, e foi lançado oficialmente no Murmur Fest II, que aconteceu em São Bernardo do Campo.
A direção do documentário é de Guilherme Escapacherri e a equipe da produtora conta ainda com Jefferson Mendes, Laís Perigo, Lohan Duarte, Lucas Caciolatto e Pedro Freitas.
Servílio de Oliveira é considerado um verdadeiro mito, eternizado nos ringues. Foto: Rodrigo Pinto/Divulgação
Serviço:
🎞️ O quê?
Exibição gratuita do documentário “Servílio”, que conta a trajetória de Servílio de Oliveira, primeiro boxeador brasileiro medalhista olímpico (bronze em 1968, no México).
Ao final da sessão, haverá um depoimento do próprio Servílio de Oliveira.
📅 Quando?
Sábado, 24 de maio, às 17h.
📍 Onde?