O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a se manifestar sobre a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, em uma entrevista concedida na sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025, ao programa “Oeste Sem Filtro”, da Revista Oeste. Durante a conversa, realizada de forma remota, Bolsonaro criticou duramente a atuação de Gonet, afirmando que o procurador conseguiu “tornar a história mais fantasiosa” do que o relatório produzido pela Polícia Federal (PF). A denúncia, entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última terça-feira, 18 de fevereiro, acusa Bolsonaro e outras 33 pessoas de envolvimento em uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
O ex-presidente, que estava em São Paulo durante a entrevista, ironizou as acusações, alegando que elas seriam baseadas em “pesca probatória” e na delação do seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid. Segundo Bolsonaro, a narrativa apresentada por Gonet carece de fundamentos sólidos e seria uma ampliação exagerada das conclusões da PF. Ele também destacou sua ausência do Brasil no início de 2023 como prova de que não poderia estar envolvido em qualquer plano, questionando a lógica das acusações com um tom sarcástico: “Eu não vou dar um golpe pegando um avião e indo para os Estados Unidos, ao lado do Mickey e do Pateta”. A reação de Bolsonaro reflete sua estratégia de desqualificar as investigações, enquanto tenta manter o apoio de sua base política.
Denúncia e Resposta do Ex-Presidente
A denúncia de Paulo Gonet surge após meses de análise do relatório da Polícia Federal, concluído em novembro de 2024, que indiciou Bolsonaro e outros 36 investigados por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. O documento da PF, com mais de 800 páginas, foi enviado ao STF e teve seu sigilo derrubado pelo ministro Alexandre de Moraes, permitindo que os detalhes viessem a público. Gonet, ao assumir o caso, elaborou uma peça que aponta Bolsonaro como líder de um plano para subverter o resultado das eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na entrevista à Revista Oeste, Bolsonaro contestou veementemente essa versão, argumentando que as acusações seriam fruto de uma construção artificial.
Ele citou a delação de Mauro Cid como base frágil, sugerindo que o ex-ajudante foi pressionado a fornecer informações que sustentassem a narrativa investigativa. Além disso, o ex-presidente mencionou que a PF teria usado “pesca probatória” – ou seja, uma busca indiscriminada por provas – a partir do acesso ao celular de Cid, o que, segundo ele, abriu um “leque de observações” sem consistência. Bolsonaro também fez referência à sua viagem aos Estados Unidos em dezembro de 2022, logo após o fim de seu mandato, para reforçar que estava fora do país quando supostos planos teriam sido executados, tentando assim desmontar a tese da Procuradoria-Geral da República (PGR). A entrevista foi mais um capítulo na série de declarações públicas em que ele busca questionar a legitimidade das investigações que o cercam.
Impactos e Perspectivas da Crítica de Bolsonaro
A resposta de Bolsonaro à denúncia de Gonet tem implicações tanto no âmbito jurídico quanto no político. Ao chamar a peça de “fantasiosa”, ele não apenas desafia a credibilidade do procurador-geral, mas também tenta mobilizar sua base de apoiadores contra o que classifica como perseguição. Analistas apontam que essa estratégia visa manter sua influência no cenário político brasileiro, especialmente em um momento em que enfrenta múltiplas frentes de investigação. A denúncia, se aceita pelo STF, pode torná-lo réu e trazer consequências graves, como penas que, somadas, ultrapassam 40 anos de prisão, além de ampliar sua inelegibilidade, já decretada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2030.
No entanto, Bolsonaro aposta na narrativa para fortalecer seu discurso entre aliados, como parlamentares do PL e seguidores nas redes sociais. A menção irônica ao Mickey e ao Pateta, por exemplo, foi vista como uma tentativa de ridicularizar as acusações, ao mesmo tempo em que reforça sua postura de enfrentamento.
Desfecho e o Futuro do Caso no STF
A crítica de Bolsonaro à denúncia de Paulo Gonet marca o início de uma nova fase no embate jurídico que envolve o ex-presidente, com o Supremo Tribunal Federal agora no centro das atenções. Após a entrega da peça na terça-feira, 18 de fevereiro, os advogados de Bolsonaro e dos outros 33 denunciados têm 15 dias para apresentar suas defesas, o que deve ocorrer até o início de março de 2025. A Primeira Turma do STF, composta por cinco ministros, decidirá se aceita ou não a denúncia, transformando os acusados em réus. Independentemente do desfecho, o caso já se configura como um dos mais relevantes da recente história política brasileira, colocando em xeque a atuação de Bolsonaro após as eleições de 2022.
A cobertura do caso por veículos como a seção de política do Agora Notícias Brasil aponta que o desfecho pode influenciar o equilíbrio de forças no cenário nacional, especialmente em um ano pré-eleitoral. Enquanto Bolsonaro mantém seu discurso combativo, a expectativa é de que os próximos meses tragam mais clareza sobre os rumos das investigações e seus efeitos na carreira política do ex-presidente. Por ora, o embate entre ele e Gonet reforça a tensão entre os poderes, com o STF como árbitro final dessa disputa.