Em um momento decisivo da sua trajetória política, o ex-presidente Jair Bolsonaro decidiu quebrar o silêncio e expor ao país as suas defesas em relação aos processos judiciais que enfrenta. Na última segunda-feira (25), ele usou suas redes sociais para enviar um manifesto, onde apresentou suas alegações contra as acusações que têm sido feitas contra ele. Neste texto, Bolsonaro questiona o que classifica como uma “perseguição político-judicial” e expõe suas críticas à condução dos processos. O conteúdo tem gerado grande repercussão, especialmente considerando o cenário político atual.
A perseguição político-judicial e a luta contra a tiraniaBolsonaro começa sua manifestação afirmando que está sendo alvo da maior perseguição político-judicial da história do Brasil. Ele argumenta que essa perseguição não é apenas contra ele, mas contra seu projeto político, com o intuito de impedi-lo de disputar as eleições presidenciais de 2026. Para ele, há interesses escusos de vaidades e objetivos políticos por trás dos processos que enfrenta. Em suas palavras, essa é uma tentativa deliberada de excluí-lo do cenário eleitoral futuro.
A devassa em sua vida pessoal e familiarOutro ponto destacado pelo ex-presidente é o nível de invasão e devassa que ele e sua família têm sofrido. Bolsonaro afirma que sua vida pessoal, política e financeira foi minuciosamente investigada, sem que tenha sido encontrada qualquer prova de corrupção. Ele se diz incomodado com o tratamento que ele e sua família receberam, incluindo seu filho, que foi forçado a viver nos Estados Unidos devido à perseguição que sofre no Brasil. A fé e o apoio da família, segundo Bolsonaro, foram essenciais para que ele mantivesse sua postura firme diante da adversidade.
Acusações de tentativa de golpe de EstadoUma das acusações mais sérias que o ex-presidente enfrenta é a de suposta tentativa de golpe de Estado. Em seu manifesto, Bolsonaro nega categoricamente qualquer envolvimento em atos que pudessem ameaçar a democracia. Ele afirma que, durante sua presidência, nunca cogitou ou levantou a possibilidade de uma ruptura democrática. Segundo ele, as mudanças nas Forças Armadas foram feitas dentro da legalidade, sem qualquer tipo de conflito ou irregularidade. Ele também destaca que não estava presente no dia 8 de janeiro de 2023 e que, ao tomar conhecimento dos atos violentos, repudiou-os imediatamente.
O processo judicial como uma aberraçãoBolsonaro critica duramente o andamento do processo judicial contra ele, classificando-o como uma “aberração”. Ele destaca que as investigações contra ele já se arrastam por seis anos, sem previsão de término, e que pessoas estão sendo pressionadas a fazer delações premiadas sob coação, ameaçando suas famílias. Além disso, o ex-presidente ressalta que as investigações têm ocorrido em segredo de justiça, sem acesso pleno para a defesa. Ele aponta que o prazo dado à sua defesa para analisar as mais de 1.200 páginas de documentos é insuficiente e uma afronta aos direitos constitucionais.
A imparcialidade do Supremo e as questões judiciaisUm dos pontos centrais do discurso de Bolsonaro é a imparcialidade do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele argumenta que a avaliação de sua denúncia está sendo feita por uma “turma” de ministros que, segundo ele, são inimigos declarados, o que levanta questões sobre a imparcialidade do julgamento. Para ele, essa composição fere os princípios básicos da justiça e não garante um julgamento justo. Outro ponto criticado por Bolsonaro é o fato de que o relator do processo, além de ser investigador e julgador, também é vítima da situação, criando um conflito de interesse que ele descreve como uma “jabuticaba judicial”.
A questão das delações premiadasO ex-presidente também aborda a questão das delações premiadas que estão sendo usadas como base para as acusações contra ele. Ele critica o fato de que as “provas” apresentadas no processo se baseiam em uma única delação, que foi alterada ao longo do tempo por pressão das autoridades. Bolsonaro questiona a veracidade dessas versões e aponta a inconsistência entre elas, o que, segundo ele, enfraquece a acusação.
A defesa cerceada e a falta de transparênciaBolsonaro aponta ainda que, desde o início do processo, sua defesa foi cerceada. Ele menciona que a sua equipe jurídica teve acesso apenas a versões vazadas da delação premiada, sem conseguir analisar as provas completas, o que comprometeria o direito de defesa. Ele também acusa a acusação de usar uma estratégia de apresentar um grande volume de documentos, dificultando a análise detalhada das informações pela defesa.
A tentativa de vinculação aos atos de 8 de janeiroOutro ponto de grande controvérsia mencionado por Bolsonaro é a tentativa de vinculá-lo aos atos de vandalismo ocorridos no dia 8 de janeiro de 2023. O ex-presidente reafirma que não estava em Brasília naquele dia e que, mesmo assim, tentam envolvê-lo de forma injusta com os acontecimentos. Ele também questiona por que não houve uma investigação mais profunda sobre a atuação do então ministro do GSI, general Gonçalves Dias, que estava filmado indicando a saída dos invasores do Palácio do Planalto, sem que sua conduta tenha sido devidamente investigada.
A afirmação da democracia e o desejo de retornoPor fim, Bolsonaro faz uma afirmação contundente sobre o estado da democracia no Brasil. Ele destaca que, durante seu governo, o país viveu duas eleições sem maiores incidentes e que a democracia prevaleceu. Para ele, a tentativa de associá-lo a um golpe de Estado é infundada, e ele se diz confiante de que, se disputar as eleições de 2026, será vitorioso e colocará o Brasil de volta nos trilhos. Bolsonaro termina sua declaração reafirmando a confiança na Justiça, apesar das adversidades que está enfrentando.