O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), direcionou cerca de R$ 15 milhões em emendas parlamentares para um programa gerido por uma ONG ligada a um de seus assessores, segundo reportagem da Folha de S.Paulo.
A verba foi destinada ao programa Mais Visão, criado em 2019 e administrado pelo governo do Amapá. A entidade responsável pela execução do projeto, Centro de Promoção Humana Frei Daniel de Samarate (Capuchinhos), tem como coordenadora Maria Ivanete Campos Mendes, mãe de Pedro Jorge Delgado, reconhecido como filho por Jardel Nunes, chefe de gabinete de Alcolumbre no Amapá.
Ligação com assessor e suspeitas de irregularidades
Jardel Nunes, além de ser assessor de Alcolumbre, já ocupou o cargo de secretário de Saúde do Amapá e recebe um salário de R$ 29,4 mil no Senado. Ele responde a um processo por improbidade administrativa e compartilha publicações em redes sociais que indicam laços familiares com Pedro Jorge e Maria Ivanete.
O Ministério Público Federal (MPF) investiga possíveis irregularidades na contratação da ONG e na subcontratação de empresas para atender os pacientes do programa. Um dos pontos sob questionamento é que a Capuchinhos só alterou sua atividade principal para serviços médicos em 2023, quatro anos depois de assumir a execução do projeto.
Programa foi suspenso após complicações em cirurgias
O programa Mais Visão chegou a ser suspenso pelo Ministério Público em 2023, após relatos de pacientes que perderam a visão em cirurgias realizadas pelo projeto. Atualmente, a Promotoria da Saúde acompanha a continuidade do programa.
Defesa de Alcolumbre e da ONG
O senador negou qualquer conflito de interesses, alegando que sua atuação se limitou a garantir recursos para a iniciativa. A ONG, o governo do Amapá e Maria Ivanete Campos Mendes também negaram irregularidades.
As investigações seguem em andamento para apurar eventuais desvios de recursos ou favorecimento na escolha da entidade executora.