Em meio às intensas especulações sobre as eleições presidenciais de 2026, uma declaração do ex-ministro José Dirceu chamou a atenção do cenário político. Durante uma conversa nos bastidores, Dirceu sugeriu que Jair Bolsonaro, caso siga inelegível, dificilmente apoiaria o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como seu sucessor na corrida pelo Palácio do Planalto. Em vez disso, ele acredita que o ex-presidente escolheria seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), como candidato.
A afirmação de Dirceu reacendeu debates sobre o futuro da direita no Brasil e sobre a influência de Bolsonaro no cenário político, mesmo diante da perseguição jurídica que tem enfrentado. Além disso, a fala do ex-ministro revela o temor do Partido dos Trabalhadores (PT) em relação a um possível nome apoiado por Bolsonaro, o que poderia dificultar a permanência da esquerda no poder.
Bolsonaro e Tarcísio: relação em xeque para 2026?
Nos últimos meses, aliados de Bolsonaro têm demonstrado preocupação com a postura de Tarcísio de Freitas, que, apesar de ter sido eleito com forte apoio do ex-presidente, tem adotado uma postura mais moderada e buscado aproximação com setores que tradicionalmente se opõem ao bolsonarismo. O pastor Silas Malafaia, uma das vozes mais ativas da direita cristã, criticou essa possível mudança de postura do governador de São Paulo.
Segundo Malafaia, Tarcísio estaria se aproximando de figuras controversas como o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e o apresentador Luciano Huck, que já expressou interesse em disputar a presidência. Para muitos bolsonaristas, essa atitude indica que Tarcísio pode estar buscando construir uma candidatura própria, independente da influência de Bolsonaro.
A preocupação com uma eventual “traição” política já vem sendo discutida em grupos conservadores, e a fala de Zé Dirceu apenas reforça a tese de que o PT observa de perto os desdobramentos no campo da direita.
Eduardo Bolsonaro: o nome da continuidade do bolsonarismo?
Caso Bolsonaro não possa concorrer em 2026, a possibilidade de Eduardo Bolsonaro ser o candidato oficial da direita ganha força. O deputado federal tem uma base fiel de eleitores e atua fortemente na defesa da liberdade de expressão e contra o que considera arbitrariedades do Judiciário.
Recentemente, Eduardo licenciou-se de seu mandato na Câmara dos Deputados para viver temporariamente nos Estados Unidos, onde busca fortalecer laços com conservadores internacionais e denunciar o avanço da censura no Brasil. Essa estratégia pode ser um movimento para ampliar sua projeção internacional e consolidar sua posição como o herdeiro político do bolsonarismo.
Além disso, Eduardo tem forte relação com a direita americana, incluindo aliados de Donald Trump, o que pode ser um trunfo importante para uma eventual candidatura.
A preocupação do PT com Bolsonaro e 2026
O fato de Zé Dirceu trazer esse tema à tona demonstra que o PT está preocupado com a força eleitoral de Bolsonaro e seus aliados. O ex-ministro, que já foi um dos principais estrategistas do partido, sabe que qualquer nome apoiado por Bolsonaro terá grande influência sobre o eleitorado conservador.
Além disso, a possibilidade de uma candidatura de Eduardo Bolsonaro pode mobilizar a militância bolsonarista de forma ainda mais intensa, principalmente se a esquerda continuar avançando em pautas impopulares, como o aumento de impostos e o controle das redes sociais.
A popularidade de Bolsonaro segue alta, mesmo com a perseguição judicial e a tentativa da grande mídia de desacreditar sua liderança. Se não puder concorrer, qualquer candidato apoiado por ele será automaticamente um forte adversário do PT.
O futuro da direita e a estratégia para 2026
O cenário para 2026 ainda está indefinido, mas a direita brasileira já começa a se organizar para impedir a reeleição da esquerda. O próprio Bolsonaro tem afirmado em entrevistas que seguirá atuando politicamente, independentemente de sua situação jurídica.
A decisão sobre quem será o candidato do campo conservador dependerá de vários fatores, incluindo a evolução dos processos contra Bolsonaro e a posição de Tarcísio de Freitas nos próximos anos. Caso o governador de São Paulo se distancie ainda mais do bolsonarismo, a tendência é que o ex-presidente e seus aliados busquem outro nome, com Eduardo Bolsonaro despontando como favorito.
Enquanto isso, o PT segue atento e preocupado. A declaração de Zé Dirceu, ainda que feita nos bastidores, demonstra que o partido sabe que a disputa em 2026 não será fácil e que o bolsonarismo continua sendo a maior força de oposição ao projeto de poder da esquerda.