O longa metragem O Último Azul, do cineasta brasileiro Gabriel Mascaro, recebeu o Urso de Prata, segundo maior prêmio do Festival de Berlim, neste sábado (22). O Festival de Berlim é um dos mais importantes prêmios do cinema mundial. Veja mais sobre o prêmio de Último Azul em TVT News.
Longa Último Azul conquista o Urso de Prata no Festival de Berlim
O Brasil tem ganhado espaço em grandes festivais, evidenciando a riqueza e a originalidade das narrativas e provocando grandes reflexões a partir de seu audiovisual. Em meio a esse cenário, a produção O Último Azul, de Gabriel Mascaro – já reconhecido por obras como Boi Neon e Divino Amor – foi premiado com o Urso de Prata, considerado a segunda mais importante premiação da 75ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim.
Além desta conquista, o longa-metragem também recebeu o Prêmio do Júri Ecumênico e o reconhecimento dos leitores do Berliner Morgenpost, consolidando seu status como uma obra que transita com maestria entre uma estética inovadora e temas universais.
Último azul é uma história distópica sobre envelhecimento ambientada na Amazônia, Tereza busca realizar seu último desejo antes de ser exilada para uma colônia habitacional.
O filme é uma coprodução entre Brasil, México, Chile e Holanda. O elenco conta com nomes como Denise Weinberg, Rodrigo Santoro, Miriam Socarrás, Adanilo, Rosa Malagueta, Clarissa Pinheiro e Dimas Mendonça.
Já o Urso de Ouro, prêmio principal do 75º Festival de Berlim, foi para o drama norueguês Dreams (Sex Love), do diretor Dag Johan Haugerud. A trama fala sobre o despertar sexual de uma jovem mulher.
Cineasta brasileiro Gabriel Mascaro com o Urso de Prata do Festival de Berlim. Foto: Internationale Filmfestspiele Berlin
Em meio à celebração, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, ressaltou a importância desse reconhecimento.
“Esta conquista é uma prova de que o cinema nacional possui uma identidade forte e inovadora, capaz de dialogar com públicos de todos os cantos do mundo. É inspirador ver nossas histórias ganhando visibilidade e abrindo portas para novas narrativas,” reforçou.
O que é o filme Último Azul
O filme Último Azul se desenrola em uma versão quase distópica da Amazônia, em que o o governo impõe medidas drásticas, como o deslocamento de idosos para colônias específicas, sob o pretexto de oferecer uma “vida melhor”.
Em meio a esse cenário, Tereza, interpretada por Denise Weinberg, embarca em uma jornada singular para realizar seu último desejo, simbolizando a força do espírito humano e a capacidade de resistir às adversidades mesmo em meio a um ambiente hostil.
O filme é estrelado por Denise Weinberg com Rodrigo Santoro, Adanilo, Miriam Socarrás e Rosa Malagueta.
Cena do filme Último Azul, premiado no Festival de Berlim. Longa trata de Amazônia distópica. Foto: Guilhermo Garza/Desvia
Último Azul se passa numa Amazônia distópica, entenda o que é distopia
O que é Distopia?
Distopia é um conceito literário e filosófico que descreve uma sociedade imaginária ou futura marcada por condições extremamente negativas, opressivas e desumanas. Em contraste com a utopia, que representa uma sociedade ideal e perfeita, a distopia retrata um mundo onde há falhas graves na organização social, política, econômica ou ambiental, resultando em sofrimento, injustiça e perda de liberdades individuais.
Características de uma distopia
Controle autoritário: Governos ou entidades poderosas exercem controle total sobre a população, muitas vezes através de vigilância constante, repressão e manipulação.
Desigualdade social: A sociedade é dividida em grupos privilegiados e oprimidos, com uma grande disparidade de direitos e recursos.
Perda de liberdades individuais: As liberdades básicas, como liberdade de expressão, pensamento e movimento, são severamente restringidas ou eliminadas.
Ambiente degradado: Em muitas distopias, o meio ambiente está em colapso devido à exploração excessiva ou negligência, resultando em cenários apocalípticos.
Manipulação da informação: A verdade é distorcida ou escondida pela propaganda e pela censura, mantendo a população ignorante ou enganada.
Tecnologia opressiva: Avanços tecnológicos são usados para controlar e monitorar as pessoas, em vez de melhorar suas vidas.
Exemplos de distopias
1984, de George Orwell: Uma sociedade totalitária onde o governo, liderado pelo “Grande Irmão”, controla todos os aspectos da vida dos cidadãos.
Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley: Um futuro onde a sociedade é controlada através de engenharia genética e condicionamento psicológico para manter a ordem e a estabilidade.
Fahrenheit 451, de Ray Bradbury: Um mundo onde os livros são proibidos e “bombeiros” queimam qualquer obra literária encontrada.
Por que a distopia é relevante?
As distopias servem como alertas sobre os perigos de tendências atuais, como o autoritarismo, a desigualdade social, a degradação ambiental e o abuso de tecnologia. Elas incentivam a reflexão crítica sobre o presente e o futuro, destacando a importância de proteger direitos fundamentais e promover justiça social.
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