Trump manteve postura rígida em relação à imigração, à taxação de parceiros comerciais, guerra na Ucrânia e ameaças à Groenlândia
Em seu primeiro discurso no Congresso após assumir a presidência dos Estados Unidos para um segundo mandato, Donald Trump delineou ontem (04) suas principais diretrizes para o futuro do país.
Em uma fala de 1h40 — a mais longa da história do Congresso americano —, Trump declarou que “o sonho americano é imparável”. O presidente foi aplaudido por republicanos e vaiado por democratas.
Trump manteve sua postura rígida em relação à repressão à imigração, à taxação de parceiros comerciais dos EUA, à guerra na Ucrânia e ao avanço transnacional, incluindo ameaças à Groenlândia. Confira mais em TVT News.
Principais pontos do discurso:
Logo no início, Trump destacou as ações de seu governo nos primeiros 43 dias, incluindo cortes regulatórios, mudanças em políticas de imigração, incentivos fiscais e o fim de regulamentações ambientais e sociais para beneficiar empresas americanas.
O presidente também enfatizou os esforços para fortalecer a economia e reduzir a dependência dos EUA de insumos estrangeiros. Como parte dessa estratégia, anunciou tarifas de 25% sobre produtos do México e Canadá, além de uma taxação extra de 10% sobre importações chinesas.
“As tarifas vão tornar a América rica novamente e grande novamente. E está acontecendo. Vai acontecer rapidamente. Haverá uma pequena perturbação, mas estamos preparados para isso”, declarou.
Guerra comercial e menção ao Brasil
Trump criticou a política comercial de outras nações, mencionando diretamente o Brasil: “A União Europeia, China, Brasil, Índia, México, Canadá e muitas outras nações nos impõem tarifas muito mais altas do que cobramos deles. Isso é extremamente injusto”.
O aumento das tarifas sobre parceiros comerciais dos EUA entrará em vigor em 2 de abril.
Groenlândia e segurança nacional
O presidente voltou a pressionar a Dinamarca para desistir de interferir na Groenlândia, argumentando que a ilha tem importância estratégica para os EUA, tanto por sua localização quanto por seus recursos minerais e petrolíferos.
“Precisamos da Groenlândia para a segurança nacional e até mesmo para a segurança internacional. Estamos negociando com todos os envolvidos para garantir isso. E vamos conseguir, de um jeito ou de outro”, afirmou.
Ucrânia e Zelensky
Trump comentou o recente incidente com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky na Casa Branca e revelou que recebeu uma “carta importante” do líder ucraniano, no qual ele se dizia pronto para negociar a paz. Zelensky aceitou os termos dos EUA um dia após Trump suspender toda a ajuda militar à Ucrânia. No entanto, o presidente americano não confirmou se o acordo foi finalizado.
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Elon Musk e cortes orçamentários
Trump agradeceu a Elon Musk, atual chefe do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE). “Obrigado, Elon. Ele está trabalhando muito duro. Não precisava fazer isso”, disse Trump, enquanto republicanos aplaudiam e democratas erguiam cartazes com frases como “Musk rouba” e “Mentira”.
Elon Musk comanda o DOGE. Foto: Official White House/ Daniel Torok
O presidente exaltou os cortes promovidos por Musk, incluindo a eliminação de um financiamento de US$ 8 milhões para iniciativas LGBTQI+ em Lesoto, na África. O DOGE declarou já ter economizado US$ 105 bilhões, embora veículos de imprensa americanos tenham apontado erros contábeis nos números apresentados.
Imigração
Trump reiterou sua promessa de deportar “milhões e milhões” de imigrantes com antecedentes criminais. No entanto, o ritmo das remoções tem frustrado o presidente, pois ainda não superou os números registrados no último ano do governo Biden.
Ele também anunciou que um refúgio de vida selvagem no Texas será renomeado em homenagem a Jocelyn Nungaray, menina de 12 anos assassinada em junho de 2024. A mãe da vítima, Alexis Nungaray, foi convidada pela primeira-dama Melania Trump para assistir ao discurso no Congresso.
Desde a posse de Trump, o número de imigrantes cruzando ilegalmente a fronteira sul caiu para o menor nível em pelo menos 25 anos.
Inflação e custo de vida
Trump atribuiu a inflação atual, que atingiu 3% no último mês, ao governo Biden, mas pesquisas mostram que apenas 33% dos norte-americanos aprovam seu manejo da economia. Além disso, apesar de afirmar redução recorde na imigração ilegal, o ritmo de deportações ainda não supera o do último ano de Biden.
O discurso, repleto de promessas e confrontos, reflete a estratégia de Trump de polarizar para consolidar sua base, enquanto enfrenta resistência de opositores e desafios para cumprir suas metas.