O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a adotar uma postura agressiva em temas que marcaram sua administração, como imigração e a relação do país com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Na última quinta-feira (23), Trump lançou declarações contundentes sobre a aliança militar e iniciou operações de deportação em massa, enquanto enfrentava um revés judicial em uma de suas ordens executivas mais controversas.
Trump contra a Otan?
Em um pronunciamento no Salão Oval, Trump questionou se os Estados Unidos deveriam continuar financiando a Otan, aliança transatlântica criada durante a Guerra Fria. “Estamos protegendo-os. Eles não estão nos protegendo”, afirmou o presidente, sugerindo que os aliados europeus não cumprem suas obrigações no campo da defesa.
Trump também reiterou sua demanda para que os países membros aumentem os gastos militares para 5% do Produto Interno Bruto (PIB), uma meta significativamente superior ao objetivo atual de 2%, já considerado um desafio para muitos integrantes da aliança. “Eles deveriam aumentar seus 2% para 5%”, declarou, repetindo um discurso feito recentemente no Fórum Econômico Mundial, em Davos.
As declarações geraram preocupação entre os aliados europeus, que temem a erosão do compromisso norte-americano com a aliança, especialmente diante do fortalecimento de potências como a China e a Rússia.
Deportações de Trump
Ainda na quinta-feira, os Estados Unidos realizaram a maior operação de deportação em massa da história recente. Segundo a Casa Branca, 538 imigrantes ilegais foram detidos e “centenas” deportados em aviões militares. A porta-voz da administração, Karoline Leavitt, celebrou a operação como um cumprimento de promessas de campanha, descrevendo a situação como uma “emergência nacional”.
No entanto, a medida gerou indignação em cidades como Newark, onde o prefeito Ras J. Baraka denunciou ações arbitrárias de agentes de imigração, que teriam detido cidadãos sem apresentar mandados.
As deportações em massa são parte de uma série de ordens executivas assinadas por Trump desde sua posse, na segunda-feira (20), todas destinadas a restringir a imigração e reforçar a aplicação das leis de fronteira.
Justiça bloqueia ordem sobre cidadania
Enquanto avançava em suas políticas, Trump enfrentou um revés judicial significativo. Um juiz federal bloqueou temporariamente uma ordem executiva que negava cidadania a crianças nascidas nos Estados Unidos cujos pais estivessem no país ilegalmente. A medida, que contraria a 14ª Emenda da Constituição, foi imediatamente contestada por estados e organizações de direitos civis.
“Esta é uma ordem flagrantemente inconstitucional”, afirmou o juiz John Coughenour, referindo-se à garantia constitucional de cidadania para qualquer pessoa nascida em solo americano. O bloqueio é temporário, válido por 14 dias, enquanto as partes apresentam argumentos adicionais.
A decisão judicial foi comemorada por líderes democratas e defensores dos direitos dos imigrantes. O procurador-geral de Washington, Nick Brown, enfatizou a importância de preservar o direito constitucional. “Uma pessoa é cidadã americana se nascer em solo americano, ponto final”, declarou.
Com informações da Reuters