O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se posicionou em entrevista à revista Veja sobre as recentes acusações de envolvimento em um suposto plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Bolsonaro classificou o plano como “absurdo” e negou qualquer ligação com o esquema, que, segundo investigações da Polícia Federal, teria sido articulado no Palácio do Planalto e contado com a participação de militares.
De acordo com as autoridades, Fernandes teria desempenhado um papel central na concepção do plano. No entanto, Bolsonaro minimizou sua relação com o militar, afirmando que os contatos entre eles se restringiam a situações protocolares e que desconhecia qualquer plano que pudesse ter sido discutido em seu governo.
“Lá na Presidência havia mais ou menos 3.000 pessoas naquele prédio. Se um cara bola um negócio qualquer, o que eu tenho a ver com isso? Discutir comigo um plano para matar alguém, isso nunca aconteceu”, afirmou Bolsonaro à revista. A fala evidencia a tentativa do ex-presidente de se distanciar das ações de Fernandes, ao mesmo tempo em que busca reforçar a ideia de que não tinha controle sobre todas as atividades realizadas por integrantes de sua equipe.
Além disso, Bolsonaro rejeitou as acusações de envolvimento em tentativas de golpe de Estado, outra frente de investigação que tem ganhado destaque nos últimos meses. Ele reforçou que, durante sua gestão, não teria incentivado ações inconstitucionais, mas admitiu que conversas sobre a adoção de um estado de sítio, previsto na Constituição, chegaram até ele. “Eu jamais compactuaria com qualquer plano para dar um golpe. Quando falavam comigo, era sempre para usar o estado de sítio, algo constitucional, que dependeria do aval do Congresso”, disse Bolsonaro.
Para seus apoiadores, a investigação não passa de mais uma etapa da suposta perseguição que o ex-presidente enfrenta desde o término de seu mandato. Eles argumentam que as denúncias carecem de provas concretas e que há um esforço deliberado para desgastar a imagem do ex-líder do Executivo.
Bolsonaro, por sua vez, reafirmou durante a entrevista que está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações. Ele tem repetido em diversas ocasiões que não há evidências concretas que sustentem as acusações e que sua relação com membros da equipe era, em muitos casos, meramente institucional.
O contexto político brasileiro também contribui para o acirramento do debate em torno das denúncias. Desde a posse de Lula, em janeiro de 2023, o clima de tensão entre os dois principais campos políticos do país tem se intensificado, com trocas de acusações e discursos polarizados.