Incêndios devastam 800 mil hectares do Pantanal em 2024, alerta LASA-UFRJ
Em 2024, o Pantanal atingiu o preocupante número de 800 mil hectares destruídos por incêndios, o que equivale a 800 mil campos de futebol, de acordo com o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA-UFRJ).
No período de 1º de janeiro a 23 de julho de 2024, houve uma queimada de 802.875 hectares, o que representa um acréscimo de 2.362% em relação ao mesmo intervalo de tempo do ano anterior, no qual foram contabilizados 32 mil hectares queimados.
Os incêndios deste ano também superaram o recorde anterior de 2020, quando 395.075 hectares foram destruídos de janeiro a julho. Comparado a 2024, houve um aumento de 103% na área afetada.
A temporada de queimadas, que geralmente ocorre entre o final de julho e agosto, foi antecipada devido a eventos climáticos extremos, seca severa e ações humanas, começando já em junho. Segundo a previsão da Climatempo, os próximos meses devem trazer condições ainda mais secas e quentes para grande parte do Brasil, com um forte bloqueio atmosférico desviando frentes frias para o alto-mar e mantendo uma grande massa de ar seco sobre a região Centro-Oeste, onde se localiza o Pantanal.
As altas temperaturas e a baixa umidade têm exacerbado a situação, tornando o bioma ainda mais suscetível ao fogo. Após um breve período de frio e controle dos incêndios, as chamas retornaram devido às condições climáticas desfavoráveis no início desta semana.
O LASA alertou no final de junho sobre uma seca histórica no Pantanal, que enfrenta uma “seca persistente de intensidade extrema a moderada” pelos últimos 12 meses. Os fatores críticos incluem aumento das temperaturas e menor contraste entre as estações seca e chuvosa.
Além da estiagem e das altas temperaturas, a turfa, um tipo de fogo subterrâneo, também representa uma preocupação relevante. A turfa, formada por matéria orgânica acumulada no solo e que pode alcançar diversos metros de profundidade, é extremamente inflamável.
Os incêndios que assolam o Pantanal por mais de 100 dias transformaram a área em um extenso cemitério ao ar livre. Cobras, jacarés e anfíbios são identificados como as principais vítimas das chamas, conforme relata o Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap).
Brigadistas do PrevFogo, membros do Corpo de Bombeiros, do Exército e da Força Nacional estão atualmente dedicados a combater as chamas. A operação envolve mais de 500 profissionais e dispõe de 11 aeronaves, incluindo “Air Tractors”, helicópteros e o cargueiro “KC-390”, além de 39 veículos como caminhonetes, caminhões e lanchas. Devido a um decreto estadual, algumas cidades de Mato Grosso do Sul continuam em situação de emergência.