Presidente Lula comparou ataques no Capitólio com o 8 de janeiro — que resultou no processo que julga Jair Bolsonaro
O presidente Lula comparou a situação do presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, com o do ex-presidente Jair Bolsonaro e ressaltou a solidez e a independência das instituições brasileiras. O brasileiro afirmou que Trump seria julgado e preso por promover ataques ao Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021. Entenda na TVT News.
Lula diz que Trump seria julgado e preso no Brasil
Em entrevista à TV Record, o presidente Lula afirmou que Donald Trump seria processado, julgado e provavelmente preso pelas leis brasileiras. Isso porque o atual presidente dos EUA incitou os ataques ao Capitólio no dia 6 de janeiro com base na alegação de que as eleições teriam sido fraudadas.
Essa história te lembra alguém? Para o Lula é o mesmo roteiro da atuação de Jair Bolsonaro nos atos golpistas de 8 de janeiro, que levaram o ex-presidente ser o primeiro chefe do executivo brasileiro a ser réu por tentativa de golpe de Estado — o processo segue em andamento no Supremo Tribunal Federal, acompanhe as atualizações com a TVT News.
“Eles têm que respeitar a justiça brasileira como eu respeito a americana. Se o que o Trump fez no Capitólio tivesse feito no Brasil, ele estaria sendo processado como Bolsonaro e arriscado a ser preso porque feriu a democracia e a Constituição”, declarou Lula à TV Record.
O povo brasileiro precisa ser respeitado. A justiça brasileira precisa ser respeitada. Somos um país grande, soberano, e de tradições diplomáticas históricas com todos os países. O Brasil vai adotar as medidas necessárias para proteger seu povo e suas empresas.#EntrevistaRecord pic.twitter.com/pdMuVP1rPM— Lula (@LulaOficial) July 10, 2025
A diferença do que aconteceu no Capitólio e no Brasil está em dois fatores: gravidade e pós-atos. No Capitólio, além da tentativa de impediu que o novo presidente, vencedor das eleições assuma o poder, também houve 4 mortes.
No Brasil, bens de valores históricos foram quebrados e reparados, nunca mais serão os mesmos, mas ressistem. Porém, nenhuma vida foi perdida, o que seria irreparável.
O pós-atos nos EUA terminou em pizza. Quando Trump assume o segundo mandato em janeiro de 2025, em um dos primeiros decretos estava o perdão para mais de 1 200 réus condenados e arquivou os casos de cerca de 300 pessoas com acusações pendentes.
No Brasil isso jamais aconteceria, porque as instituições brasileiras tem poderes independentes e que não podem interferir em suas competências, como Lula fez questão de ressaltar em resposta oficial ao Trump.
“O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais”, afirmou Lula.
O presidente seguiu posteriormente: “Eles têm que respeitar o nosso Judiciário como eu respeito o deles. Se o que Trump fez no Capitólio tivesse acontecido aqui, ele estaria sendo processado como o Bolsonaro e poderia até ser preso. Aqui, o Judiciário é autônomo, sobretudo o STF.”
Também é possível pensar no inverso: e se Lula estivesse nos EUA. Se o atual presidente brasileiro passasse uma temporada nas terras do país da liberdade seria julgado pela Constituição dos EUA, o que provavelmente o faria ser deportado para o Brasil por ser imigrante — o que não tem nada de libertário.
Lula também pediu respeito de Trump ao Brasil e falou que está aberto para negociar
Na mesma entrevista, Lula também esclareceu a postura diante da taxa de 50% anunciada por Trump. O brasileiro afirmou estar aberto para negociar sobre economia de forma justa, mas que se Trump continuar com os delírios, o Brasil vai responder de igual para igual.
“O que mais vai valer é o seguinte: nós temos a lei da reciprocidade, que foi aprovada no Congresso Nacional. E não tenha dúvida que, primeiro, nós vamos tentar negociar. Mas se não tiver negociação, a lei da reciprocidade será colocada em prática. Se ele vai cobrar 50 de nós, nós vamos cobrar 50 deles”, afirmou Lula.
Lula também informou que vai buscar Organização Mundial do Comércio (OMC) para uma mesa de negociação justa. Mas se nada for feito, a lei de Reciprocidade Econômica vai reger.
“Veja, do ponto de vista diplomático, nós temos que recorrer à OMC. Você pode, junto com a OMC, encontrar um grupo de países que foram taxados pelos Estados Unidos e entrar com um recurso na OMC. Isso tem toda uma tramitação que a gente pode fazer. Se nada disso der resultado, nós vamos ter que fazer a lei da reciprocidade.”
Para lidar com especificamente com a situação, Lula já acionou o Itamaraty e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços que já haviam negociado taxações com os EUA no anúncio mundial de taxação.
Na manhã desta quinta-feira (10), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia adiantado a mesma informação alegando que na época da primeira negociação os EUA estiveram aberto para negociar os 10%.
Na mesma linha, está sendo criado um comitê com especialistas da área e empresários para acompanhar a situação entre Brasil e Estados Unidos.
Lula também foi incisivo: Trump mentiu descaradamente ou demonstra despreparo dele e da equipe. Os dados da própria Casa Branca mostram que os EUA tem lucro de quase US$ 300 milhões em 2024 em negociações apenas em 2024.
“Se ele conhecesse um pouco do Brasil, teria mais respeito. O Brasil tem 201 anos de relação diplomática com os Estados Unidos, uma relação virtuosa, de benefício mútuo. Eu me dei bem com todos os presidentes americanos, porque o Brasil é um país de diálogo.”
