Nos bastidores da política paulistana, aliados de Jair Bolsonaro já comemoram discretamente a possibilidade de ver um nome fortemente ligado ao ex-presidente assumir a cadeira de prefeito da maior cidade do país. Trata-se do coronel aposentado da Polícia Militar Ricardo Augusto de Mello Araújo (PL), vice-prefeito de São Paulo e figura de confiança de Bolsonaro, que o indicou diretamente para a chapa vitoriosa de Ricardo Nunes (MDB) em 2024.
Caso Nunes opte por disputar o governo estadual em 2026, a prefeitura passará para Mello Araújo, consolidando o bolsonarismo no comando da capital com seus 12,4 milhões de habitantes. O cenário empolga a base conservadora, que vê na eventual posse do coronel uma forma de garantir a continuidade de princípios como ordem, disciplina, combate à criminalidade e valorização das forças de segurança.
Ex-comandante da ROTA, Mello Araújo é respeitado nos meios militares e conhecido por seu perfil firme e comprometido. No governo Bolsonaro, presidiu a Ceagesp e aplicou ali uma gestão voltada ao combate à corrupção e ao desperdício. Agora, como vice-prefeito, tem se esforçado para se aproximar da população, pegando metrô, visitando áreas vulneráveis e oferecendo oportunidades a usuários de drogas. Suas ações práticas e seu estilo direto podem torná-lo um representante legítimo do bolsonarismo na capital paulista.
Introdução ao cenário político em São Paulo
São Paulo vive um momento de articulação política silenciosa, mas intensa. A movimentação nos bastidores da prefeitura da capital gira em torno de uma possível saída do atual prefeito Ricardo Nunes para disputar o governo estadual em 2026. A decisão está atrelada a outra expectativa: a possível candidatura do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) à Presidência da República, o que abriria espaço para uma reconfiguração do tabuleiro político paulista.
Com Jair Bolsonaro inelegível até 2030, Tarcísio se tornou o nome mais forte no campo conservador nacional. Caso avance ao Planalto, Nunes poderá disputar o Palácio dos Bandeirantes com seu apoio. Se isso ocorrer, quem assumirá a prefeitura paulistana será seu vice, o coronel Ricardo Mello Araújo — alinhado ideologicamente a Bolsonaro, defensor da segurança pública, da disciplina e do combate direto ao crime.
Nunes evita declarações explícitas sobre uma possível candidatura, mas já age como quem está em campanha. Mello Araújo, por sua vez, mantém a discrição, mas não esconde que está preparado para liderar. A chapa, que venceu Boulos (PSOL) em 2024 com folga, simboliza a força do conservadorismo na cidade e pode se consolidar como base para projetos ainda maiores, como o retorno do bolsonarismo ao poder por meio de aliados estratégicos.
Candidatos bolsonaristas em destaque
Com a inelegibilidade de Jair Bolsonaro, o bolsonarismo busca novos nomes que representem seus valores nas disputas pelo poder. Em São Paulo, dois nomes se destacam como herdeiros legítimos dessa linha política: Tarcísio de Freitas, no plano estadual e nacional, e Ricardo Mello Araújo, na esfera municipal.
Tarcísio, atual governador do estado, é cotado para disputar a presidência da República em 2026. Sua saída abriria espaço para Nunes disputar o governo paulista e, com isso, Mello Araújo assumiria o comando da prefeitura da capital. O coronel da reserva tem perfil técnico, experiência de gestão e é visto como um nome confiável pelos conservadores.
Sua passagem pela Ceagesp foi marcada pelo enfrentamento a práticas ilegais e por dar voz aos trabalhadores. Agora, como vice-prefeito, demonstra compromisso com a população de rua e pessoas em vulnerabilidade, buscando soluções práticas e firmes, como a oferta direta de empregos na Cracolândia. Com forte respaldo militar e apoio popular crescente, Ricardo Mello Araújo se posiciona como o nome mais promissor do bolsonarismo na maior cidade do Brasil.
Desafios e oportunidades para o representante
Caso assuma a prefeitura de São Paulo, Ricardo Mello Araújo terá pela frente o grande desafio de administrar a maior cidade da América Latina com os princípios e valores do bolsonarismo. A demanda por segurança, organização e eficiência pública é imensa — e casa bem com seu perfil de gestor prático, direto e disciplinado.
O coronel poderá ampliar a atuação da Guarda Civil Metropolitana, transformando-a em uma força com padrão de excelência, inspirado na ROTA, o que já declarou ser seu desejo. A Cracolândia, tema delicado e complexo, também representa tanto um desafio quanto uma oportunidade de mostrar resultados efetivos, oferecendo trabalho, tratamento e disciplina para resgatar vidas da dependência.
Ao mesmo tempo, Mello Araújo terá que lidar com pressões políticas de aliados do atual prefeito e de setores progressistas que resistem à linha dura. Sua pouca desenvoltura midiática pode ser um obstáculo, mas também um diferencial positivo em tempos de excesso de vaidade política.
Com humildade e persistência, ele já busca se aproximar da população — indo ao trabalho de metrô e visitando as periferias. Se mantiver essa postura e continuar enfrentando os problemas com coragem, pode consolidar um novo estilo de gestão conservadora, voltado para resultados, ordem e respeito à população.