O experiente jornalista Cláudio Humberto, titular de uma das colunas políticas mais lidas do Brasil, revelou, em sua última nota, um dos maiores temores dentro do Partido dos Trabalhadores (PT): a possibilidade de Geraldo Alckmin, atual vice-presidente da República, assumir o cargo de presidente, caso algo aconteça com Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Humberto, esse “fantasma” assombra as hostes petistas e reflete um clima de desconfiança em torno da figura do ex-governador de São Paulo, mesmo após ele ter sido escolhido como parceiro de chapa na eleição de 2022.
O jornalista começa sua análise lembrando que a saúde de Lula tem sido uma preocupação constante. Recentemente, o presidente passou por uma cirurgia no cérebro, o que levou o PT a enfrentar uma situação delicada: a incapacitação temporária de Lula e a iminente possibilidade de o vice assumir. Porém, conforme Humberto descreve, há uma resistência interna dentro do partido em ver Alckmin no comando do país, refletindo um histórico de desconfiança em relação ao ex-governador, que já foi vice de Mário Covas, falecido no cargo.
O Medo do Passado e a Desconfiança com o Vice
O problema, segundo a coluna, não é apenas a questão da saúde de Lula, mas também a relação complicada que os petistas têm com Geraldo Alckmin. Para muitos no PT, a simples ideia de ver Alckmin ocupando a presidência é desconfortável. Isso porque, ao longo dos anos, o ex-governador de São Paulo foi visto como um adversário político, especialmente quando era líder do PSDB e se opunha diretamente ao PT nas eleições presidenciais.
Essa desconfiança tem raízes profundas e é amplificada pela história política de Alckmin, que, durante o período em que foi vice de Mário Covas, viu o então governador falecer no cargo, deixando-o à frente do Estado. Esse episódio gerou uma memória de instabilidade e incerteza, algo que os petistas não gostariam de reviver no âmbito federal.
Apesar da desconfiança, o ex-governador tem se mantido discreto e paciente. Segundo a nota, “Alckmin não reclama. Coisa de quem sabe esperar.” O vice-presidente, que durante a campanha de 2022 foi fundamental para garantir a aliança entre o PSB e o PT, tem se mantido no papel secundário, não questionando a decisão de seus colegas de partido de impedi-lo de exercer seu papel constitucional.
Janja: A Representante de Lula
Com Lula em recuperação, o papel de representar o presidente em eventos oficiais e internacionais tem recaído cada vez mais sobre Janja, esposa de Lula. A jornalista Cláudio Humberto destaca que Janja tem assumido uma presença de liderança, como foi o caso de sua participação na visita à tragédia de Santa Maria (RS), em setembro de 2023, e sua presença na abertura das Olimpíadas de Paris.
Janja tem se tornado uma figura midiática de destaque, representando o presidente de maneira simbólica e institucional, enquanto o vice segue relegado a tarefas secundárias, como em sua recente visita ao Rio de Janeiro, onde esteve presente com o premiê eslovaco, mas sem um papel central na agenda política.
O Humor Político e os Memes sobre Alckmin
A relação tensa entre o PT e Alckmin também se reflete nas redes sociais, onde os memes e montagens que “brincam” com a situação do vice-presidente têm ganhado popularidade. Um dos mais comentados recentemente foi o meme que o retratou “alongando” ou “posando com a faixa presidencial”, em uma clara ironia à sua condição de vice que, embora formalmente importante, tem sido, na prática, marginalizada.
Esses memes são uma forma de “vingança” simbólica contra a postura discreta de Alckmin e sua paciência em esperar por uma eventual ascensão ao cargo mais alto da República. O clima é de um jogo político tenso, onde os petistas, mesmo necessitando de Alckmin para fortalecer a chapa e garantir a vitória nas urnas, ainda guardam uma desconfiança em relação ao seu papel de liderança.
Conclusão: O Fantasma do Vice
O relato de Cláudio Humberto expõe uma contradição interna no PT: embora o partido tenha escolhido Alckmin como vice-presidente na eleição de 2022, a desconfiança e a resistência à sua ascensão à presidência permanecem latentes. A cirurgia de Lula e a possibilidade de o vice assumir o comando do país evidenciam o “fantasma” que assombra as hostes petistas e revelam as tensões internas dentro do partido, que ainda não aceita de forma plena o papel de Alckmin na linha sucessória.
Enquanto isso, o vice segue cumprindo seu papel institucional, mas sem exercer a força política que muitos imaginavam para ele. E, enquanto isso, o PT continua a enfrentar um dilema: confiar ou não confiar no ex-governador tucano, cujo passado político continua a gerar incertezas e desconfianças.