A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga a emissão de laudos falsos em transplantes de órgãos infectados por HIV. De acordo com as autoridades, seis receptores foram infectados após procedimentos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) do estado, com aval dos documentos produzidos pelo PCS Lab Saleme. O laboratório tinha contrato com a Fundação Saúde, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde do Rio, e realizava exames clínicos para o SUS.
O caso é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro e pela Polícia Civil. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) e o Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) abriram sindicâncias para identificar e punir os profissionais responsáveis.
De um dos dois doadores infectados por HIV, foram doados os rins, o fígado, o coração e a córnea. Nos testes realizados pelo laboratório, nenhum resultado apontou positivo para o vírus. A SES-RJ então refez todos os testes e identificou o erro nos laudos. O PCS Lab Saleme também é investigado por possíveis falsificações em outros casos. O laboratório foi interditado cautelarmente.
A defesa de Walter e Mateus Vieira, sócios da empresa, negam a existência de esquema criminoso e indicam que os erros ocorreram por “falha humana”. Walter Vieira foi preso em operação policial nesta última segunda (14). A ação cumpriu 11 mandados de busca e apreensão e quatro de prisão no Rio de Janeiro e em Nova Iguaçu, onde o laboratório está localizado.
O Ministério da Saúde determinou auditoria urgente no sistema de transplantes do Rio de Janeiro e a retestagem de todas as amostras de doadores a partir de dezembro de 2023, quando o contrato com o PCS Lab Saleme foi realizado.
A ministra Nísia Trindade afirmou que o Governo Federal prestará assistência aos pacientes receptores de órgãos que contraíram HIV pelos transplantes no SUS do Rio. Nísia também reiterou o compromisso do ministério de garantir a segurança e a qualidade do Sistema Nacional de Transplantes do Brasil, que é considerado um dos mais seguros do mundo.