O Partido dos Trabalhadores (PT) enfrenta desafios complexos no segundo turno das eleições municipais de 2024 no Brasil. Com candidatos próprios em apenas quatro das 15 capitais, a sigla do presidente Luiz Inácio Lula da Silva optou por uma estratégia diferenciada em cada cidade, especialmente em locais onde os dois candidatos finalistas são de partidos de direita.
O dilema enfrentado pelo PT é decidir entre apoiar um candidato considerado “menos pior” ou adotar uma neutralidade estratégica. Essa situação é observada em diversas capitais, onde o partido busca equilibrar as tensões políticas locais com suas prioridades nacionais para as eleições de 2026.
Qual a posição do PT em capitais como Curitiba e Goiânia?
Segundo O Globo, em Curitiba, a disputa entre Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB) colocou o PT em uma posição de neutralidade. Apesar disso, internamente, há uma estratégia para evitar a vitória de Graeml, considerada menos alinhada aos interesses do partido. Da mesma forma, em Goiânia, embora o PT não apoie oficialmente nenhum candidato, existe uma inclinação velada para Sandro Mabel (União Brasil) em detrimento de Fred Rodrigues (PL).
Essas decisões refletem uma abordagem cautelosa por parte do PT, que visa evitar qualquer associação que possa comprometer alianças futuras. A neutralidade permite ao partido manter uma postura flexível, sem comprometer seu capital político.
Como o partido lida com situações complexas, como em Campo Grande e Porto Velho?
Em Campo Grande, o PT tem uma afinidade maior com Rose Modesto (União Brasil), mas optou pela neutralidade no apoio, permitindo a ela captar votos conservadores importantes. Já em Porto Velho, a disputa entre Mariana Carvalho (União Brasil) e Leo Moraes (Podemos) levou o partido a uma verdadeira inércia, sem qualquer manifestação de apoio a qualquer um dos candidatos.
A decisão de permanecer neutro em algumas cidades é, em parte, uma estratégia para garantir que o partido não se posicione de maneira que possa prejudicar alianças políticas futuras, especialmente em um cenário eleitoral ainda tão polarizado.
Como essa neutralidade pode impactar as eleições futuras?
O secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, afirmou que a neutralidade em algumas cidades busca facilitar acordos estratégicos para as eleições de 2026. Essa postura pode permitir que o partido preserve alianças regionais sem comprometer iniciativas nacionais. No entanto, tais decisões nem sempre são aceitas unanimemente dentro do partido, gerando dissidências internas.
É importante destacar que, embora o PT tenha adotado uma posição de não interferência em várias regiões, a estratégia nem sempre é aceita por todas as alas internas, o que resulta em diferentes posicionamentos dos filiados. Em cidades como João Pessoa e Aracaju, por exemplo, o partido tomou lado, mas não conseguiu consenso entre todos os integrantes locais.
Após o fim do segundo turno das eleições, o PT deverá avaliar suas estratégias e os resultados obtidos em cada capital. As escolhas feitas agora podem impactar diretamente as coligações e apoios futuros, especialmente em um cenário político que ainda lida com os resquícios da polarização dos últimos anos.