O Exército Brasileiro estabeleceu recentemente novas diretrizes de ética e liderança, criando um guia detalhado sobre o que os militares podem e não podem fazer. Com foco na manutenção da disciplina e no combate à desinformação, o documento elaborado pelo chefe do Estado Maior e general do Exército, Richard Fernandez Nunes, orienta o comportamento dos integrantes da Força em um cenário cada vez mais complexo, marcado pelas redes sociais e pelo ambiente digital.
Entenda as permissões e proibições mais importantes para os militares, conforme as novas normas.
O que militares podem fazer?Uma das prioridades das novas diretrizes é incentivar o comportamento ético e o pensamento crítico. Os militares são estimulados a desenvolver habilidades para avaliar informações com cuidado, especialmente no ambiente digital.
Isso significa que, ao receber uma notícia ou conteúdo, o militar deve verificar sua veracidade antes de compartilhar ou comentar, evitando contribuir para a disseminação de fake news. O Exército considera essencial que os integrantes saibam diferenciar informações confiáveis de conteúdos distorcidos ou falsos.
“Com base nos preceitos da Ética Profissional, para adequar-se ao ambiente virtual, visando a dotar o integrante do Exército Brasileiro de maior e melhor capacidade para avaliar, filtrar e lidar com as questões morais que se apresentarão em seu dia a dia, diante do incontrolável fluxo de estímulos que ele recebe”, afirma o documento.Essa orientação é para que os integrantes da Força não comprometam a imagem do Exército, já que, ao compartilhar uma informação falsa, as pessoas podem entender que se trata de um posicionamento oficial da instituição.
Outro ponto importante é a valorização do crescimento profissional. O documento incentiva que militares busquem se aperfeiçoar, assumindo responsabilidades maiores e demonstrando compromisso com a missão.
A ambição é considerada positiva, desde que esteja alinhada aos valores do Exército. Assim, o desenvolvimento pessoal e a dedicação à carreira são permitidos e incentivados, contanto que esses esforços respeitem as normas de conduta e reforcem a integridade da instituição.
“O desejo de progressão na carreira, alinhado aos valores da caserna, deve ser compreendido como manifestação legítima que direciona o militar em seu itinerário formativo, expressando a fé na missão, o amor à profissão e a busca constante pelo autoaperfeiçoamento”, completa.O que militares não podem fazer?Por outro lado, o Exército estabelece algumas proibições, especialmente no uso de redes sociais. Os militares não devem compartilhar ou apoiar publicamente conteúdos que possam gerar interpretações políticas ou polêmicas que prejudiquem a imagem do Exército.
Postagens de cunho partidário, discursos inflamados ou críticas à instituição nas redes sociais não devem ser feitos pelos militares. A recomendação é manter a discrição e neutralidade, protegendo a reputação da Força e evitando a participação em debates polarizados.
“O líder militar deve conhecer profundamente o contexto em que atua, cercando-se de assessores zelosos que não sejam meros repetidores de opiniões alheias, amplamente disseminadas nas redes sociais”, recomenda.Além disso, o documento alerta para o risco da ambição pessoal desmedida. Quando a busca por reconhecimento ou poder está acima dos valores institucionais, ela se torna um problema.
Atitudes que coloquem o interesse pessoal à frente do dever militar ou que tentem promover um indivíduo em detrimento da unidade do Exército são inaceitáveis, segundo essas diretrizes. Dessa forma, o Exército proíbe autopromoção e vaidade excessiva, especialmente quando podem prejudicar disciplina e hierarquia.
“A ambição, em sua forma desmedida, dirigida por um comportamento egoísta e vaidoso, por um forte desejo de poder e riqueza, pode conduzir a atitudes antiéticas, prejudiciais ao profissional militar, à Instituição e às outras pessoas”, diz.Por fim, a instituição reforça que os militares devem agir sempre de acordo com a hierarquia e a disciplina. A ideia de “furar a linha de comando” ou tentar influenciar decisões por meio de manifestos ou declarações públicas é estritamente proibida.
Com essas diretrizes, a liderança do Exército quer evitar situações em que militares de patentes mais baixas tentem desafiar ordens ou causar divisões internas.