A recente indicação da advogada Verônica Abdalla Sterman para o cargo de ministra do Superior Tribunal Militar (STM) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem gerado debates acalorados nos bastidores políticos e militares. A expectativa agora se volta para a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, onde o senador e general da reserva Hamilton Mourão promete questionamentos incisivos sobre a experiência da indicada no âmbito da Justiça Militar.
Indicação e Repercussão Inicial
No dia 8 de março de 2025, coincidentemente o Dia Internacional da Mulher, o presidente Lula anunciou a indicação de Verônica Sterman para o STM. A nomeação foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União, destacando-se como a segunda vez na história de 217 anos do tribunal que uma mulher é indicada para o cargo de ministra.
Verônica, de 40 anos, possui uma carreira marcada pela atuação em casos de grande relevância. Ela defendeu a presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, e seu ex-marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, em processos relacionados à Operação Lava Jato. Além disso, atuou na defesa do atual vice-presidente, Geraldo Alckmin, em um processo na Justiça Eleitoral de São Paulo sobre doações ilegais para campanha política.
Preparativos para a Sabatina na CCJ
A indicação de Verônica Sterman precisa ser aprovada pelo Senado Federal, após sabatina na CCJ. O presidente da comissão, senador Otto Alencar (PSD-BA), afirmou que ainda não há data definida para a sabatina e que aguardará a apresentação formal da indicada aos parlamentares.
Nos corredores do Senado, a expectativa é de que a sabatina seja marcada por questionamentos rigorosos, especialmente por parte de membros com histórico militar, como o senador Hamilton Mourão. Fontes próximas à advogada indicam que ela está se preparando para um “bombardeio” de perguntas durante a sessão.
A Postura de Hamilton Mourão
O senador Hamilton Mourão, ex-vice-presidente e general da reserva, é membro ativo da CCJ e já sinalizou que pretende questionar a indicada sobre seu conhecimento das particularidades da Justiça Militar e das Forças Armadas. Em declarações recentes, Mourão expressou preocupação com a possível falta de experiência de Verônica nesse campo específico, sugerindo que o momento da sabatina poderá ser constrangedor para a advogada.
Articulações nos Bastidores
Para facilitar a integração de Verônica Sterman com os membros das Forças Armadas, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, está organizando um almoço entre a indicada e os comandantes das três Forças. O encontro, previsto para a próxima semana, tem como objetivo apresentar a advogada aos líderes militares e promover um diálogo aberto sobre as expectativas e responsabilidades inerentes ao cargo no STM.
Além disso, Verônica compareceu recentemente à cerimônia de posse da nova presidente do STM, ministra Maria Elizabeth Rocha, onde foi citada nominalmente e teve a oportunidade de conversar com o comandante do Exército, general Tomás Paiva. Durante o evento, ambos acertaram uma agenda conjunta no Quartel-General do Exército, demonstrando esforços mútuos para estreitar relações.
Desafios e Expectativas
A indicação de Verônica Sterman ocorre em um momento delicado, onde a relação entre o governo e as Forças Armadas requer atenção e diplomacia. A advogada terá que demonstrar não apenas conhecimento jurídico, mas também sensibilidade e compreensão das especificidades do ambiente militar.
Para conquistar a confiança dos senadores e dos militares, Verônica precisará evidenciar sua capacidade de julgar com imparcialidade e competência os casos que chegarem ao STM. Sua trajetória profissional, marcada pela defesa de figuras políticas de destaque, será tanto um ponto de atenção quanto de questionamento durante o processo de aprovação.
A sabatina de Verônica Abdalla Sterman na CCJ do Senado promete ser um evento de grande interesse público, refletindo as complexidades e desafios das indicações para cargos de alta relevância no Judiciário militar. A postura dos senadores, especialmente de figuras como Hamilton Mourão, e as articulações nos bastidores serão determinantes para o desfecho desse processo. Enquanto isso, a sociedade acompanha atentamente, ciente da importância de uma Justiça Militar bem estruturada e representativa.