David Lynch, o aclamado cineasta americano conhecido por explorar o surreal, o experimental e o radical em sua obra, morreu hoje (16) aos 78 anos. A notícia foi anunciada por sua família em uma publicação no Facebook: “Há um grande vazio no mundo agora que ele não está mais entre nós. Mas, como ele dizia, ‘Fique de olho no donut, não no buraco.’”
Lynch construiu uma carreira singular no cinema americano, combinando um estilo profundamente idiossincrático com sucessos de público e crítica. Desde seus primeiros curtas experimentais como estudante de arte, passando pelo impacto cult de Eraserhead (1977), até filmes premiados como Blue Velvet (1986), Wild at Heart (1990) e Mulholland Drive (2001), Lynch se tornou uma referência para gerações de cineastas e espectadores. Ele foi indicado três vezes ao Oscar de Melhor Direção e recebeu um Oscar honorário pelo conjunto da obra em 2019.
Lynch na TV
Entre seus feitos mais marcantes está a série de TV Twin Peaks (1990-1991; 2017), considerada uma das obras mais originais da televisão americana, misturando mistério, humor e surrealismo.
Nascido em Missoula, Montana, em 1946, Lynch iniciou sua trajetória na arte nos anos 1960 e descobriu o cinema enquanto estudava na Pennsylvania Academy of Fine Arts. Seu primeiro longa, Eraserhead, foi rejeitado por festivais, mas ganhou notoriedade no circuito de filmes de meia-noite. O sucesso chamou a atenção de Hollywood, levando-o a dirigir O Homem Elefante (1980), que obteve oito indicações ao Oscar.
Apesar de um tropeço comercial com Duna (1984), Lynch voltou à forma com Veludo Azul, que se tornou um clássico cult. No início dos anos 1990, ele alcançou o auge de sua influência com Twin Peaks, pioneira no conceito de “TV de alta qualidade”.
Meditação de Lynch
Lynch também era um entusiasta da meditação transcendental, fundando a David Lynch Foundation em 2005 para promover educação baseada na consciência e a paz mundial. Além disso, lançou álbuns musicais, produziu pinturas e até abriu um clube noturno em Paris.
Nos anos 2000, continuou inovando, lançando filmes como Império dos Sonhos (2006) e retornando ao universo de Twin Peaks em 2017 com uma terceira temporada que foi aclamada pela crítica.
Lynch deixa quatro filhos e um legado monumental. Seu impacto vai além do cinema, alcançando o campo da televisão, música e artes visuais. Como ele próprio disse em uma entrevista: “Eu gosto de fazer filmes. Gosto de trabalhar. Não gosto muito de sair.”
Com sua partida, o mundo do entretenimento perde um de seus mais ousados e enigmáticos criadores, mas suas obras continuam a inspirar e desafiar audiências ao redor do globo.
Com informações do The Guardian