Com essa nova etapa, que prevê mais de 2 mil contratações, o Mais Médicos alcançará a marca de mais de 28 mil profissionais em atividade
O Ministério da Saúde do governo Lula anunciou hoje (17) o primeiro edital de 2025 para a contratação de 2.279 profissionais pelo Programa Mais Médicos. A iniciativa visa fortalecer o atendimento de saúde primária em 4.771 municípios do país, garantindo a presença de profissionais em regiões de maior vulnerabilidade e difícil acesso. Com essa nova etapa, o programa alcançará a marca de mais de 28 mil médicos em atividade, beneficiando cerca de 66 milhões de brasileiros.
Os profissionais contratados atuarão nas equipes de Saúde da Família, oferecendo atendimento direto à população e encaminhando pacientes para especialidades quando necessário. Um importante reforço nessa assistência será o uso do prontuário eletrônico do SUS, o e-SUS APS, que possibilita integração e acompanhamento ágil das informações clínicas dos pacientes.
Trata-se da primeira grande ação em questão de política pública do ministro da pasta, Alexandre Padilha. Ele já foi ministro do governo Dilma Rousseff, entre 2011e 2014. Foi naquela ocasião que ele criou o programa Mais Médicos, que soma sucessos desde então. O governo Lula trabalha, desde 2023, para reconstruir a rede de assistência após destruição parcial do programa pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ampliação do Mais Médicos
Os municípios interessados em aderir ao novo edital devem se inscrever no sistema e-Gestor até o dia 24 de março. Serão disponibilizadas vagas imediatas para 1.296 cidades e ampliação para outras 3.475. A região da Amazônia Legal receberá 473 novas vagas distribuídas entre 709 municípios. O resultado da seleção está previsto para 8 de abril.
O edital também contempla políticas de inclusão e equidade, com reserva de vagas afirmativas para médicos negros, quilombolas, indígenas e pessoas com deficiência.
Reforço ao programa
Também hoje, o Ministério da Saúde recepcionou 402 médicos formados no exterior por meio do Módulo de Acolhimento e Avaliação (MAAv). Esses profissionais serão alocados a partir de abril em 22 estados, abrangendo 180 municípios e 15 Distritos Sanitários de Saúde Indígena. A maioria dos novos integrantes é brasileira (397), e 52,7% são mulheres. Destes, 57 atuarão especificamente em comunidades indígenas.
O MAAv é um curso de integração ao Sistema Único de Saúde (SUS), abordando temas como equidade étnico-racial, saúde mental e atenção a populações vulneráveis. Os participantes serão avaliados ao final do programa, com aprovação condicionada a uma média mínima de 50%.
Expansão do Mais Médicos
O programa chegou a ter sua continuidade ameaçada durante o governo Bolsonaro. Contudo foi retomado com força pela gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde 2023, o número de profissionais dobrou, passando de 13.100 para mais de 28 mil.
Segundo o Ministério da Saúde, 60% dos médicos atuam em regiões de maior vulnerabilidade social, sendo que 33,8% estão em áreas de difícil acesso. Um dos avanços mais significativos foi a ampliação do atendimento a comunidades indígenas, com 591 profissionais em atividade. Pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) revelou que, antes do programa, 47% dos indígenas entrevistados nunca haviam recebido atendimento médico. Hoje, a satisfação entre esse público é de 93,1%.
A valorização dos profissionais também é um dos pilares da nova fase do programa. Em 2024, houve reajuste salarial de 8,4%, garantindo melhores condições de trabalho e incentivo à permanência dos médicos no SUS. Atualmente, 53,5% dos profissionais do Mais Médicos são mulheres, e 62% são formados no Brasil, enquanto 38% são intercambistas de diferentes países.
Inspirações
O sucesso do programa é tanto que virou modelo para outros países. Vale lembrar que a inspiração do Mais Médicos vem de potências em desenvolvimento humano. “Experiências de países com sistemas de saúde semelhantes ao do Brasil, como Canadá, Reino Unido e Espanha, inspiraram as estratégias de provimento por aqui (…) As exitosas iniciativas inspiraram a criação que hoje é referência de provimento médico na saúde pública de outros países”, informa o Ministério da Saúde, em boletim de maio do ano passado.