Segundo informações de O Globo, em meio às dificuldades de articulação política enfrentadas pelo governo, antigos membros do Partido dos Trabalhadores (PT) que haviam saído de cena após condenações no mensalão e na Lava-Jato estão retomando suas atividades nos bastidores. José Dirceu, ex-ministro, João Paulo Cunha, ex-presidente da Câmara, e os tesoureiros do PT, Delúbio Soares e João Vaccari Neto, têm gradualmente voltado aos círculos de poder na capital federal, mesmo sem ocupar cargos oficiais.
Dentre eles, José Dirceu é o que mais chama atenção. Após a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) anular sua condenação por corrupção passiva na Lava-Jato em maio, ele cogita a possibilidade de se candidatar a deputado federal em 2026. Em abril, Dirceu retornou ao Congresso pela primeira vez em dezenove anos, participando de uma solenidade sobre democracia.
Enquanto não decide sobre uma nova candidatura, o ex-chefe da Casa Civil do governo Lula tem retomado contatos e marcado presença em eventos na capital. Em março, promoveu uma concorrida festa de aniversário para celebrar seus 78 anos, reunindo ministros e políticos influentes.
João Paulo Cunha, por sua vez, adota uma postura mais discreta. O ex-presidente da Câmara, que também conversa com integrantes do governo, concentra-se em seu escritório de advocacia, em sociedade com Ophir Cavalcante, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Cunha, que concluiu o curso de Direito enquanto cumpria pena por corrupção passiva e peculato no mensalão, atua em favor da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.
Apesar de não frequentar o Palácio do Planalto nem manter conversas diretas com o presidente, José Dirceu mantém contato assíduo com dois ministros palacianos: Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral). Sua elegibilidade depende de derrubar outra condenação da Lava-Jato, cujo recurso está pendente no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Quanto à candidatura, Dirceu afirma que tomará a decisão no próximo ano, após diálogo com Lula e a direção do PT.
Ambos os ex-políticos seguem caminhos distintos: enquanto Dirceu busca maior visibilidade, João Paulo Cunha prefere atuar nos bastidores, focando em sua carreira jurídica e evitando os holofotes públicos.
João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT), mantém uma atuação discreta nos bastidores. Recentemente, de acordo com fontes do governo, Vaccari desempenhou um papel importante na troca de comando do Conselho Nacional do Sesi, com a saída de Vagner Freitas e a entrada de Fausto Augusto Júnior. Segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, todas as nomeações relevantes para a Petrobras passam por sua análise.
Em janeiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, anulou uma condenação de 24 anos de prisão imposta a Vaccari por recebimento de propina de uma empresa que tinha contrato com a Petrobras. Fachin determinou que o caso seja remetido à Justiça Eleitoral do Distrito Federal, uma vez que Vaccari foi acusado de arrecadar recursos para o partido.
Segundo seu advogado, Ricardo Velloso, o ex-tesoureiro ainda enfrenta duas condenações pendentes de análise de recursos no Tribunal Regional Federal da 4ª Região e no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Além disso, Vaccari tem processos em andamento na Justiça Eleitoral. Sua defesa alega que todos esses casos estão prescritos. Procurado, Vaccari optou por não se manifestar.
Outro ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, concentra-se em reuniões no interior do Brasil. No início de junho, ele participou de um encontro em Teófilo Otoni, Minas Gerais, com funcionários dos Correios filiados ao PT. No mesmo mês, esteve em Paulista, Pernambuco.
Nesses encontros, são distribuídas edições de uma revista que aborda os processos enfrentados por Delúbio Soares no escândalo do mensalão e na Operação Lava-Jato. A publicação leva o título “Delúbio Soares: O Réu Sem Crime”. Quando questionado sobre sua atuação política, o ex-tesoureiro do PT também preferiu não comentar.
Com informações de O Globo