Dois anos após o início da operação do governo Lula para remover garimpeiros ilegais e recuperar a infraestrutura de saúde na Terra Indígena Yanomami, a malária e a desnutrição continuam sendo problemas graves. Além disso, os casos de infecção respiratória aguda dispararam, agravando ainda mais a crise sanitária na região.
As informações foram divulgadas pelo jornal Folha de S.Paulo. Em resposta, o Ministério da Saúde justificou o aumento dos casos de malária pela ampliação do atendimento e testagem, mas afirmou que houve uma redução no número de mortes.
Aumento da malária e infecções respiratórias
Entre 2023 e 2024, houve uma redução de 35% nas mortes por malária, enquanto os testes aumentaram 73%. No entanto, o número de casos da doença subiu de 14 mil para 18 mil, atingindo mais da metade dos 32 mil indígenas da região.
A quantidade de profissionais de saúde enviados ao território aumentou 155%, e o atendimento cresceu 268%, segundo o governo. Apesar disso, as infecções respiratórias tiveram um salto alarmante de 272%, passando de 3,1 mil casos no primeiro semestre de 2023 para 11,4 mil no mesmo período de 2024.
Já a desnutrição infantil manteve-se em níveis críticos, embora o número de mortes relacionadas à condição tenha diminuído 68%.
Falta de transparência e dificuldades no combate às doenças
A falta de transparência nos dados oficiais sobre a situação dos Yanomamis levou a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) a acionar o Supremo Tribunal Federal (STF), exigindo que o governo Lula apresente relatórios detalhados sobre a operação.
Maurício Terena, coordenador jurídico da entidade, afirmou que o cenário indica a “manutenção da emergência sanitária” e destaca a “dificuldade da atual gestão em superar esses gargalos”.
A localização remota da comunidade e a mobilidade dos Yanomamis dificultam o trabalho das equipes de saúde. Muitos indígenas se deslocam para áreas de difícil acesso, enquanto outros permanecem em regiões afetadas por surtos de doenças.
Além disso, a proximidade com a fronteira da Venezuela, onde o garimpo ilegal continua ativo, torna o controle da malária ainda mais desafiador. Segundo a Apib, a Secretaria de Saúde Indígena do Ministério da Saúde (Sesai) relatou falta de profissionais qualificados, exigindo a realização de capacitações e contratações emergenciais.
Mesmo com os esforços do governo, os desafios persistem e a crise sanitária na Terra Yanomami continua longe de uma solução definitiva.