A presença de Lula sinaliza que a união latina-americana é uma prioridade do governo junto ao multilateralismo
O presidente Lula participa da 9ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) nesta quarta-feira (9), em Honduras, única organização que reúne os 33 países latino-americanos e caribenhos. Saiba mais na TVT News.
“A participação do presidente é um claro sinal da prioridade que, aliás, sempre foi dada pelo presidente Lula e pelo Brasil à integração. Na nossa Constituição, no Artigo 4º, consta que o Brasil deve buscar exatamente a Celac: a construção de uma comunidade de nações latino-americanas e caribenhas”, afirmou a embaixadora Gisela Padovan.
A secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores (MRE) acrescentou que essa Cúpula faz parte de um processo de revitalização da Celac. Ela lembrou que a entidade foi enfraquecida nos últimos anos, citou a saída do Brasil da Celac no governo anterior, e lembrou que Lula decidiu que o país deveria voltar ao grupo logo no início do terceiro mandato.
“O sonho da integração existiu desde Bolívar, desde San Martín [líderes dos processos de independência de países da América do Sul], que se falava essa visão de que juntos temos mais condição de enfrentar os desafios globais e também de nos desenvolvermos e resolvermos nossos problemas internos e regionais”, acrescentou a embaixadora.
Lula viaja a Tegucigalpa, em Honduras, ainda na terça-feira (8). A expectativa do Itamaraty é que a Cúpula realize um debate amplo sobre todos os temas da atualidade. Além disso, Honduras deve transferir para a Colômbia a presidência do bloco. No final, deve ser publicada uma declaração conjunta dos 33 países da região.
Tarifas e imigração
O encontro da Celac ocorre no contexto de forte tensão na região em meio ao endurecimento das políticas contra imigração do governo dos Estados Unidos (EUA), liderado pelo presidente Donald Trump, além da guerra de tarifas iniciada pela Casa Branca.
O Itamaraty informou que o tema das tarifas não estava na pauta das negociações, até porque, quando a agenda foi preparada, não havia informação da extensão dessas tarifas.
Por outro lado, o tema da imigração será um dos destaques da Cúpula. A ideia é reativar um grupo de trabalho que existia na Celac para tratar do tema.
Devem participar do encontro ainda os presidentes do México, Claudia Sheinbaum, da Colômbia, Gustavo Petro, da Bolívia, Luis Arce, do Uruguai, Yamandú Orsi, de Cuba, Miguel Diáz-Canel, entre outros, segundo o governo hondurenho, que organiza a Cúpula dessa semana.
Mulher latino-americana na ONU
Entre as propostas do Brasil que serão discutidas no encontro está a escolha de uma única candidatura feminina para disputar a secretaria-geral das Nações Unidas (ONU) diante do fim do mandato do atual chefe da ONU, António Guterres, programado para o ano que vem.
Uma declaração especial proposta pelo Palácio do Itamaraty está em negociação com todos os outros 32 países-membros da Celac, e deve ser aprovada na 9ª Cúpula da entidade, que será realizada no próximo dia 9 de abril, em Tegucigalpa, capital de Honduras. Lula participará do encontro.
“Pelo esquema de rotatividade regional, a gente entende que caberia à América Latina e ao Caribe, então, estamos propondo que os países se unam, comecem a trabalhar em torno de uma candidatura única, o que nos dá chance de fazer valer esse princípio da rotatividade”, destacou a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina do Ministério das Relações Exteriores (MRE), em entrevista a imprensa nesta quinta-feira (3).
“Na nossa proposta [de declaração da Celac], existe um parágrafo sobre isso. Nunca houve uma mulher secretária-geral da ONU, nós temos candidatas de grande peso político, intelectual e de liderança [internacional]. Não haveria razão para não ser, mas vamos trabalhar isso com a Celac”, acrescentou Padovan.
Celac
Fundada em fevereiro de 2010, a Celac reúne os 33 países da América Latina e do Caribe que abrangem uma área de mais de 22 milhões de km², o que equivale a cinco vezes o território da União Europeia. A população total somada, de 670 milhões, é o dobro do número de habitantes dos Estados Unidos.
Confira outros temas que deverão ser tratados no evento:
SEGURANÇA E IMIGRAÇÕES: O tema de imigrações também deverá ser tratado pelos chefes de Estado durante o evento. “Nós tivemos no passado um grupo de trabalho que tratava regularmente de imigrações. A ideia é que ele seja reativado porque é um tema que tem impacto em todos os países da região, seja pelo fluxo de entrada ou saída de pessoas”, pontuou a embaixadora Daniela Benjamin, diretora do Departamento de Integração Regional.
SEGURANÇA E BILATERAIS: Outra sugestão a ser apresentada pelo Brasil é a de que a Comunidade divulgue uma declaração conjunta sobre mulheres, paz e segurança. Além de participar da Cúpula, o presidente Lula terá reuniões bilaterais com líderes da região.
INTERLOCUÇÃO GLOBAL: A CELAC também dialoga com outros blocos e países de fora da região. Nesse sentido, estão previstos para este ano o Fórum CELAC-União Europeia, em dezembro, e o Fórum China-CELAC, ainda sem data definida.
DIMENSÃO: Os países da CELAC abrangem uma área de mais de 22 milhões de quilômetros quadrados na América Latina e Caribe, o que equivale a cinco vezes o território da União Europeia. A população total somada, de 670 milhões, é o dobro do número de habitantes dos Estados Unidos.
Confirmações da Agência Brasil