Um dos grandes ícones do fotojornalismo brasileiro, Sebastião Salgado, morreu hoje (23) aos 81 anos, em Paris, onde residia. O fotojornalista viajou cerca de 120 países para registrar a vida humana e grandes acontecimentos da história, resultando em fotografias que percorreram o mundo e emocionaram o público. A Presidência da República, o Ministério da Cultura, o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), entre outras entidades, lamentaram a morte do fotojornalista, que mantém seu legado vivo após mais de 50 anos de carreira. Veja as declarações em TVT News.
Presidente Lula: “Um dos maiores e melhores fotógrafos que o mundo já produziu”
“Me sinto profundamente triste com o falecimento de Sebastião Salgado, ocorrido na manhã desta sexta-feira.
Seu inconformismo com o fato de o mundo ser tão desigual e seu talento obstinado em retratar a realidade dos oprimidos serviu, sempre, como um alerta para a consciência de toda a humanidade.
Salgado não usava apenas seus olhos e sua máquina para retratar as pessoas: usava também a plenitude de sua alma e de seu coração.
Por isso mesmo, sua obra continuará sendo um clamor pela solidariedade. E o lembrete de que somos todos iguais em nossa diversidade. Aos seus amigos e familiares, deixo meu forte abraço.”
Nesta tarde, Lula entregou a fotografia Estátua de Maria Fonte, mulher por trás da revolta popular portuguesa de 1846, feita por Salgado, para o presidente da Angola, João Lourenço, que está em visita oficial no Brasil. A entrega da obra do fotógrafo já estava marcada.
Ministério da Cultura: “Sebastião fez história com a arte de capturar questões sociais, culturais, ambientais, e sobretudo, humanas”
“Com profundo pesar, o Ministério da Cultura lamenta a morte do fotógrafo Sebastião Salgado aos 81 anos. O falecimento nesta sexta-feira (23) representa a perda de um dos maiores ícones da fotografia documental do mundo. Salgado morreu em decorrência de Malária.
“Perdemos um dos maiores fotógrafos brasileiros. Sebastião fez história com a arte de capturar questões sociais, culturais, ambientais, e sobretudo, humanas. Neste momento de profunda tristeza, lamentamos a morte de um artista que colocou seu trabalho em favor da humanidade. É muito impactante, muito triste. Fica um legado de humanidade, respeito pelo próximo e preocupação com o meio ambiente”, lamenta a ministra da Cultura, Margareth Menezes.
Sebastião Salgado ficou conhecido no mundo inteiro com seu estilo fotográfico em preto e branco. Registros como o projeto “Trabalhadores”, em 1993, e “Êxodos”, em 2000, retratam questões humanas de maneira sensível e impactante.
Nascido em 8 de fevereiro de 1944, em Aimorés, Minas Gerais (MG), o artista era formado em economia e tomou gosto pela fotografia nos anos 70. A preocupação em eternizar desafios humanitários e questões ambientais esteve presente no trabalho de Sebastião Salgado.
“Grande artista brasileiro, fotógrafo, documentarista, impactou o mundo com o seu trabalho, colocando a sua arte a favor da humanidade, a favor da luta pela preservação da natureza, realmente é uma perda impactante demais. Eu quero deixar meu abraço à família, aos fãs, assim como eu. O documentário dele, o filme, Sal da Terra, é uma obra de arte, de sensibilidade, é um testemunho do que a humanidade precisa aprender em relação ao valor da vida e do cuidado e respeito com a natureza”, completa a ministra.
Sebastião Salgado também fundou o Instituto Terra, dedicado à restauração ecológica da Mata Atlântica no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. O projeto é considerado um dos mais bem-sucedidos de reflorestamento no Brasil.
O Ministério da Cultura se solidariza com familiares, amigos e todos os admiradores da arte desse que será sempre um dos maiores fotógrafos do mundo.“
Vice-Presidente Geraldo Alckmin: “Sebastião Salgado revelou as belezas e injustiças do mundo”
“Com suas lentes, Sebastião Salgado nos revelou as belezas e injustiças do mundo, congeladas em seus registros fotográficos. Uma celebração da vida e da natureza e um chamado à ação consciente, em prol de um mundo inclusivo e sustentável. Neste momento de dor, transmito meus sentimentos e orações aos familiares e amigos desse grande brasileiro, cujo trabalho seguirá nos inspirando.”
MST: “Sua partida é uma perda imensa para a arte e para os direitos humanos”
“É com profunda tristeza que recebemos a notícia do falecimento de Sebastião Salgado, um dos mais importantes fotógrafos da história contemporânea. Sua partida é uma perda imensa para a arte, para os direitos humanos e para todos que acreditam na imagem como instrumento de transformação social.
O fotógrafo manteve uma relação de solidariedade e apoio com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, reconhecendo no movimento uma das mais legítimas expressões da luta por justiça social no Brasil. Foi um dos apoiadores da construção da Escola Nacional Florestan Fernandes, doando fotografias e fortalecendo projeto de formação política e emancipadora que a escola representa.
Neste momento de dor, nos solidarizamos com sua família, amigos, companheiros de luta e incontáveis admiradores espalhados pelo mundo. Que sua memória siga viva em cada imagem, em cada rosto retratado, em cada luta que busca justiça e humanidade.“
PT: Seus retratos eternizaram a dignidade do povo e as lutas dos invisíveis”
“Hoje o mundo perdeu um dos maiores olhos da humanidade.
Sebastião Salgado, mineiro de alma gigante e mestre da luz e da sombra, nos deixou aos 81 anos.
Seus retratos eternizaram a dignidade do povo, a beleza do planeta e as lutas dos invisíveis.
Durante a visita do presidente João Lourenço, de Angola, Lula pediu um minuto de silêncio e ofereceu, em gesto de carinho e homenagem, uma fotografia de Salgado ao líder africano — uma imagem feita em 1975, em Nova Lisboa, hoje Huambo.
Sentiremos profundamente.
Sebastião presente!“
*Em atualização