São Paulo – Durante discurso no Encontro Internacional da Indústria da Construção, realizado nesta terça-feira (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) gerou polêmica ao se referir à CEO do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, como “mulherzinha”. A fala repercutiu negativamente tanto entre parlamentares quanto entre especialistas em relações internacionais.
O comentário surgiu quando Lula relembrou um encontro com a executiva-chefe do FMI durante a Cúpula do G7, em Hiroshima, no Japão, em 2023. Na ocasião, Georgieva teria afirmado que o Brasil teria um crescimento de apenas 0,8% no ano — projeção que Lula contestou de forma irônica e desdenhosa durante o discurso.
“E lá em Hiroshima eu encontro com uma mulherzinha, sabe, presidenta do FMI, diretora-geral do FMI, nem me conhecia”, disse Lula, ao reproduzir uma fala da CEO, imitando seus gestos e entonação.
A diretora-geral, que ocupa um dos cargos mais relevantes do cenário econômico global, ainda não respondeu oficialmente à declaração. No entanto, a fala presidencial já despertou reações no Congresso Nacional, entre lideranças femininas e também no setor diplomático, que teme desgastes nas relações do Brasil com o FMI e com demais países-membros da instituição.
Críticas e repercussão
A vereadora Moana Valadares (PL-SE) afirmou que a fala de Lula revela “um machismo estrutural e inaceitável para alguém que representa o Brasil no exterior”. Já analistas políticos consideram que o uso do termo “mulherzinha” para se referir à CEO de uma organização multilateral como o FMI compromete a imagem do país em um momento de busca por mais protagonismo internacional.
Cargos de liderança sob ataque
O uso do termo deprecia um dos cargos mais respeitados da economia global — o de CEO do FMI — e levanta questionamentos sobre o respeito às lideranças femininas. Georgieva, economista búlgara com carreira sólida em finanças públicas e gestão global, ocupa o posto desde 2019 e tem papel fundamental na definição de políticas econômicas para países em desenvolvimento, como o Brasil.