O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a comentar sobre sua recusa ao uso de tornozeleira eletrônica durante o período em que esteve preso na sede da Polícia Federal em Curitiba, entre 2018 e 2019. Em discurso realizado em João Pessoa, Paraíba, Lula reiterou que não trocaria sua dignidade pela liberdade, reafirmando sua convicção de inocência frente às condenações impostas pela Operação Lava Jato.
O ex-presidente, que cumpriu 580 dias de detenção, rejeitou a proposta de cumprir o restante da pena em regime domiciliar com o monitoramento eletrônico. Durante seu discurso, ele enfatizou sua decisão com a frase: “Minha canela não é canela de pombo”, marcando sua postura de resistência ao que considera uma injustiça judicial.
A declaração se insere em um contexto mais amplo de críticas à Lava Jato e ao processo que culminou na prisão de Lula. O presidente tem reiterado que sua condenação foi parte de uma estratégia para impedi-lo de concorrer à presidência em 2018. Essa narrativa tem sido recorrente em seus discursos desde sua libertação, especialmente após a anulação de suas condenações pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2021.
A recusa de Lula ao monitoramento eletrônico voltou a ganhar destaque no debate público após sua reeleição em 2022 e posse em 2023. Seus apoiadores veem a atitude como um gesto de coragem e princípio, enquanto críticos argumentam que a aceitação da tornozeleira poderia ter abreviado sua prisão. O episódio também reavivou discussões sobre a eficácia e a humanidade do sistema penal brasileiro, especialmente no que tange ao uso de medidas alternativas à prisão em regime fechado.
Além disso, o caso de Lula levanta questionamentos sobre a politização do Judiciário e os limites da justiça em processos de grande impacto político. A menção frequente a esse episódio nos discursos presidenciais reforça sua crítica ao que ele e seus aliados classificam como perseguição judicial.
As declarações de Lula continuam a ecoar no cenário político brasileiro, alimentando discussões sobre a necessidade de reformas no sistema judiciário e sobre a relação entre justiça e poder político. A narrativa do presidente sobre sua prisão e retorno ao poder permanece como um elemento central na polarização política do Brasil, influenciando debates sobre democracia, direitos e o legado da Lava Jato.