O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara dos Deputados têm evitado firmar apoio público a algum dos candidatos à presidência da Casa, mas acompanham a disputa com grande interesse. A eleição para o sucessor de Arthur Lira (PP-AL) ocorre oficialmente em fevereiro de 2025, mas as articulações já são intensas.
Hugo Mota (Republicanos-PB) é o nome apoiado oficialmente por Lira, visto pelo alagoano como capaz de construir maior consenso entre as bancadas da Casa. Também estão no páreo Elmar Nascimento (União-BA) e Antonio Brito (PSB-BA), que anunciaram aliança após serem preteridos no apoio do presidente da Câmara.
O Palácio do Planalto prega cautela na divulgação de um apoio do Executivo, e o presidente Lula tem repetido que não vai se envolver no pleito. As articulações e os encontros, porém, seguem ocorrendo.
O líder do PT na Câmara dos Deputados, Odair Cunha (MG), afirmou nesta semana que o partido tem estudado apoio à candidatura do líder do Republicanos, Hugo Motta (PB), mas disse que a questão não está fechada. “O PT está discutindo qual é a tese que nós vamos decidir. Se nós vamos decidir pela manutenção e pela permanência no blocão ou se nós vamos produzir novo bloco aqui na Casa. Essa é a discussão central. E nessa tese de permanência nós temos uma candidatura que significa a convergência dessas forças políticas, que é o Hugo Mota”, argumentou.
A executiva da bancada do partido na Casa Baixa começou a realizar reuniões com os candidatos. Motta foi o primeiro, na quarta (16/10), a participar de jantar na casa do deputado Rubens Pereira Jr. (PT-MA) com outros 15 deputados da sigla. Além de governabilidade, o paraibano fez a promessa aos petistas de respeitar a proporcionalidade na decisão sobre a Mesa Diretora. A sigla é a segunda maior da Casa, com 68 deputados, atrás apenas do PL, que tem 93.
Na quinta, Lula negou mais uma vez qualquer interferência na escolha do sucessor de Lira. “Tenho como prática política não me meter na escolha do presidente da Câmara, é coisa do Congresso Nacional. Como eu respeito a autonomia de cada poder, meu presidente será aquele que for eleito”, disse, em entrevista na Bahia.
O titular do Planalto ressaltou não ter desejo de “escolher” quem vai liderar os deputados. “Quero manter relação civilizada e institucional com quem ganhar as eleições nas duas Casas. Não quero dizer que não gosto do presidente. Não é o presidente da Câmara que precisa do presidente da República, é o presidente da República que precisa da Câmara. Se eu compreender isso e tiver uma relação civilizada, vai tudo bem”.
Antes visto como mais distante do Planalto, Elmar intensificou as agendas de articulação com membros do governo nos últimos meses. Reuniu-se, durante a semana, com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad; do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira; e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
A negociação por votos nas eleições da Câmara envolve cartas como cargos na Mesa Diretora da Casa, promessas de lealdade e diálogo com o Planalto e, no caso do Partido Liberal (PL), do ex-presidente Jair Bolsonaro, compromisso com pautas conservadores. O comando da vice-presidência da Casa e das quatro vice-secretarias, porém, só será conhecido horas antes da votação. Isso porque a vaga nos cargos de secretaria é preenchida pelo cálculo do coeficiente do bloco que apoia o candidato.