Durante uma entrevista à CNN Internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) destacou a necessidade de Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, de pensar como um “habitante do planeta Terra” em relação às mudanças climáticas e à importância de manter o país no Acordo de Paris. A fala de Lula ocorre enquanto o Brasil enfrenta um aumento histórico de queimadas, especialmente na Amazônia e no Cerrado, com dados alarmantes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Na quarta-feira (6), o sistema BDQueimadas do Inpe registrava 998 focos de incêndio em diversos biomas brasileiros. O estado do Pará liderava, com 378 focos, seguido pelo Maranhão, com 279, e pelo Piauí, com 90. Cinco dos seis biomas brasileiros apresentaram focos de incêndio, destacando a gravidade da situação. No dia seguinte, 223 focos de incêndio ainda estavam ativos, dos quais 78 no Pará, 54 no Amazonas e 30 em Pernambuco.
Em agosto, o Brasil registrou 68.635 focos de queimadas, o maior número para o mês desde 2009, enquanto setembro superou o índice com 83.154 focos, tornando-se o pior setembro em número de incêndios desde 2010. Até o início de novembro, mais de 248 mil focos de incêndio já haviam sido contabilizados no país em 2023, evidenciando a dificuldade do governo Lula em conter o avanço do desmatamento e das queimadas em áreas naturais.
Lula também relembrou a postura controversa de Trump em 2017, quando retirou os EUA do Acordo de Paris. Na época, Trump argumentou que a decisão era para proteger os interesses americanos, mas o país voltou ao acordo em 2021, sob a administração de Joe Biden, que prometeu uma postura mais colaborativa para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Lula defendeu a manutenção do compromisso ambiental, especialmente por parte de países como os Estados Unidos, considerados líderes globais. “Os Estados Unidos estão no mesmo planeta que eu estou e que uma ilha de 300 mil habitantes”, declarou.