O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025, que trabalhará para convencer a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a aprovarem a prospecção de petróleo na região da Margem Equatorial, localizada na foz do Rio Amazonas, no Amapá. A declaração foi feita durante entrevista à Rádio Clube do Pará, onde Lula destacou a importância de realizar a exploração com responsabilidade ambiental .
Contexto do projeto
A Margem Equatorial é uma área de grande interesse econômico, com estimativas de reservas de até 30 bilhões de barris de petróleo, comparáveis às do pré-sal. A região se estende por mais de 2,2 mil quilômetros, do Rio Grande do Norte ao Amapá, e é considerada estratégica para o futuro energético do Brasil. No entanto, o projeto enfrenta resistência devido aos potenciais impactos ambientais, especialmente em uma área próxima à Amazônia e ao Oceano Atlântico .
Pressão política e compromissos
Lula tem pressionado o Ibama para acelerar o licenciamento ambiental necessário para que a Petrobras inicie os estudos de viabilidade na região. O presidente argumenta que a pesquisa é essencial para determinar a quantidade e a viabilidade do petróleo na área, ressaltando que a exploração só ocorrerá após a confirmação desses dados .
O compromisso de Lula com a exploração na Margem Equatorial também tem um componente político. Durante uma reunião com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), Lula se comprometeu a destravar o licenciamento, visando beneficiar o Amapá, estado representado por Alcolumbre, com recursos como royalties .
Desafios ambientais e críticas
A ministra Marina Silva e o Ibama têm defendido a independência técnica do processo de licenciamento, destacando a necessidade de garantir a segurança ambiental antes de qualquer autorização. Em 2023, o Ibama negou um pedido de licença da Petrobras, alegando riscos ambientais, como a distância de 1.000 km da base de operações em Belém, o que dificultaria a resposta a eventuais acidentes. Desde então, a Petrobras apresentou um novo plano, incluindo a construção de uma base no Oiapoque, a 170 km da área de perfuração, para reduzir os riscos .
Ambientalistas e especialistas criticam a pressão política sobre o Ibama, argumentando que o processo de licenciamento deve ser técnico e livre de interferências. A ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira afirmou que a politização do tema prejudica a discussão técnica e pode comprometer a credibilidade das instituições .
Argumentos de Lula
Lula defende que a exploração do petróleo na Margem Equatorial é crucial para financiar a transição energética do Brasil. Ele argumenta que os recursos obtidos com a commodity podem ser investidos em energias renováveis, além de garantir a autossuficiência energética do país. O presidente também destacou que países vizinhos, como Guiana e Suriname, já exploram petróleo na região, o que aumenta a urgência do projeto .
Próximos passos
Segundo auxiliares do governo, a expectativa é que o licenciamento para a pesquisa seja aprovado nos próximos 30 dias. Uma reunião entre a Casa Civil e o Ibama está marcada para discutir o tema, com o objetivo de alinhar os interesses econômicos e ambientais .
Conclusão
O debate sobre a exploração de petróleo na Margem Equatorial reflete a complexidade de conciliar desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Enquanto Lula busca acelerar o projeto, a resistência do Ibama e de ambientalistas evidencia os desafios de garantir que a exploração seja feita de forma sustentável. A decisão final terá impactos significativos não apenas para a economia brasileira, mas também para o meio ambiente e a credibilidade das instituições públicas.