Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aceitou a nova indicação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e nomeará Frederico de Siqueira Filho, atual presidente da Telebras, como novo ministro das Comunicações. A decisão ocorre após o deputado Pedro Lucas Fernandes (União-MA) ter recusado o convite para comandar a pasta, mantendo-se na liderança da bancada do União Brasil na Câmara.
A escolha de Siqueira Filho, considerada de perfil técnico, foi endossada pelo presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda, e pelo senador Efraim Filho (União-PB). O novo indicado não é filiado ao partido, mas tem experiência na área, incluindo passagens pelo setor de telecomunicações, como a operadora Oi. O Palácio do Planalto acredita que essa característica pode facilitar a articulação política, evitando as tensões geradas em torno do nome de Pedro Lucas.
Alcolumbre, que já indicou Waldez Góes para o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, foi o principal articulador da nova indicação. Segundo interlocutores, a preferência foi por um nome técnico, com baixa projeção política, o que atende também à legislação eleitoral vigente, que exige desincompatibilização de cargos seis meses antes da eleição para quem desejar disputar o pleito de 2026.
União Brasil dividido
A nomeação, no entanto, não é vista como um gesto capaz de alterar a relação instável entre o União Brasil e o governo federal. O partido, nascido da fusão entre duas legendas historicamente ligadas à direita – o DEM (ex-PFL) e o PSL (sigla que elegeu Jair Bolsonaro em 2018) –, continua dividido entre uma ala governista e outra declaradamente independente, ou até oposicionista.
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Nos bastidores, deputados do partido afirmam que a bancada seguirá votando “pelo que for melhor para o país”, mantendo postura pragmática diante das pautas do Executivo. A insatisfação entre os parlamentares também se deve ao fato de o presidente nacional da legenda, Antonio Rueda, não ter sido chamado diretamente por Lula para negociar o espaço do partido no governo — diferentemente do que ocorreu com outras siglas.
A recusa de Pedro Lucas Fernandes, articulado inicialmente por Alcolumbre, também se deu por pressões internas. Deputados temiam que sua saída da liderança na Câmara gerasse uma disputa intensa pela sucessão no comando da bancada.
Crise com Juscelino Filho
A mudança no comando do Ministério das Comunicações ocorre após a saída de Juscelino Filho (União-MA), denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeita de corrupção. O ex-ministro nega as acusações, mas sua permanência tornou-se insustentável politicamente.
Com a nomeação de Frederico Siqueira Filho, o governo Lula tenta estancar a crise e manter a articulação com partidos do centrão, mesmo diante das resistências internas e do jogo de forças que domina o Congresso.