Gado foi criado em áreas barradas por desmatamento irregular, diz órgão ambientalO Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) impôs R$ 364,5 milhões em penalidades a 23 frigoríficos, incluindo a JBS, por venderem carne de bovinos criados em regiões proibidas devido ao desmatamento ilegal.
Uma filial do grupo dos irmãos Joesley e Wesley Batista, localizada em São Félix do Xingu (PA), está entre os alvos. Ainda não foi estipulado o valor da multa contra a empresa.
Na última sexta-feira, 25, a JBS enviou uma nota ao jornal Folha de S.Paulo afirmando que “nenhuma das compras foi realizada em áreas embargadas” e que “as propriedades estavam em plena conformidade com a legislação”.
A Frizam, localizada em Boca do Acre (AM), e a 163 Beef, em Novo Progresso (PA), ambas reincidentes em violações de leis ambientais, são outras empresas envolvidas. De acordo com o Ibama, mais de 8,8 mil cabeças de gado foram apreendidas.
A “Carne Fria 2”, nome da operação, resultou em 154 multas nos Estados do Amazonas e Pará. A primeira fase da ação, realizada em 2017, também teve como alvo os frigoríficos do grupo JBS.
As sanções foram aplicadas aos frigoríficos por adquirirem bovinos de terras incluídas na lista de embargos ambientais. O instituto afirmou em comunicado enviado ao jornal: “Quem compra animais oriundos de áreas embargadas contribui para a destruição da floresta amazônica e a continuidade do dano ambiental nas áreas desmatadas ilegalmente”.
Ibama Impõe Multa à JBS por Crime AmbientalAs ações direcionadas aos frigoríficos fazem parte de esforços para combater delitos ambientais, tais como invasão de territórios protegidos e desmatamento ilegal. Nos anos recentes, essas ações têm se concentrado em agricultores que mantêm gado em áreas não autorizadas, como unidades de conservação ou terras indígenas. Atualmente, o objetivo é focar no mercado de carne, ou seja, nos compradores do gado criado de forma ilegal.
Durante esta operação, o Ibama identificou 69 fazendas que venderam aproximadamente 18 mil cabeças de gado, criadas em 26 mil hectares que haviam sido embargados devido ao desmatamento ilegal. As fazendas também foram multadas por violar o embargo, obstruir a recuperação da floresta nativa e por comercializar produtos provenientes de áreas interditadas.
Após a identificação dos agricultores, o foco dos investigadores voltou-se para os frigoríficos que negociaram carnes provenientes dessas propriedades. Os dados recolhidos pelo Ibama serão enviados ao Ministério Público Federal, que tem a autoridade para processar as empresas envolvidas e seus respectivos responsáveis.
A operação foi realizada em Boca do Acre e Lábrea, no Amazonas, bem como em Novo Progresso, Santarém, Altamira, São Félix do Xingu, Igarapé-Açú, Portel, Anapú, Pacajá, Novo Repartimento, Ipixuna, Tomé-Açu e Bom Jesus do Tocantins, no Pará. A Polícia Rodoviária Federal e a Força Nacional ofereceram apoio à operação, que também fez uso de informações provenientes de órgãos estaduais. As informações são da Revista Oeste.