As mudanças promovidas por Sidônio Palmeira, futuro ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), têm gerado atritos com a primeira-dama, Rosângela da Silva, conhecida como Janja. Diante do impasse, o Palácio do Planalto estuda alternativas para realocar aliados de Janja em outras posições estratégicas dentro do governo, na tentativa de apaziguar a disputa entre os dois.
A influência de Janja na SecomEmbora não ocupe um cargo formal no governo, Janja tem exercido forte influência na estrutura de comunicação da Presidência. Durante a gestão de Paulo Pimenta na Secom, a socióloga foi responsável por indicar nomes para postos importantes na área, incluindo profissionais ligados às redes sociais e comunicação digital.
Entre os nomes mais próximos à primeira-dama, destacam-se Brunna Rosa, ex-chefe da Secretaria de Estratégia e Redes (Seres) da Secom, e Priscila Calaf, diretora do Departamento de Canais Digitais. A Seres é responsável por gerenciar perfis de redes sociais governamentais, como o SecomVc, que possui mais de 223 mil seguidores no Instagram.
Demissões e realocaçõesSidônio Palmeira, com carta branca dada pelo presidente Lula, tem promovido uma reformulação significativa na pasta. Na última quinta-feira (9), ele demitiu o secretário de imprensa da Presidência, José Chrispiniano, que era um colaborador de longa data de Lula. Seu substituto será Laércio Portela, atual secretário de Comunicação Institucional.
Nesta sexta-feira (10), Brunna Rosa também foi desligada do cargo, o que intensificou os atritos com Janja. Segundo fontes do Planalto, a primeira-dama tentou viabilizar a realocação de Brunna para a cúpula da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), mas a ideia não foi bem recebida por Sidônio. Agora, a tendência é que tanto Brunna quanto Priscila Calaf sejam transferidas para funções ligadas diretamente ao gabinete de Lula, onde comporiam a equipe de Janja.
Atritos entre Janja e SidônioAs mudanças na Secom evidenciam um conflito de visões entre Janja e Sidônio. De acordo com relatos internos, a primeira-dama tem resistido às alterações promovidas pelo publicitário, que busca imprimir sua marca na comunicação do governo.
Ao assumir o comando da Secom, Sidônio destacou a necessidade de modernizar a atuação digital da pasta, afirmando que alguns aspectos da comunicação ainda são “analógicos”. Ele também reforçou que Lula deseja um perfil mais técnico e inovador à frente da comunicação governamental.
“É um segundo tempo que estamos começando, não o primeiro tempo”, declarou Sidônio ao comentar as mudanças em curso.
Reações no PlanaltoA substituição de Paulo Pimenta por Sidônio Palmeira foi anunciada no início da semana e gerou expectativa sobre o futuro da comunicação do governo. Apesar da resistência de Janja, a cúpula do Planalto tem dado respaldo às decisões de Sidônio, considerando sua experiência na área publicitária e sua proximidade com Lula.
No entanto, as tensões entre Sidônio e a primeira-dama indicam que o Planalto terá de equilibrar interesses políticos e administrativos para evitar desgastes internos.