O desencontro de informações sobre o real estado de saúde do presidente Lula escancarou a disputa pelo controle da comunicação do Palácio do Planalto entre o atual ministro da Secom, Paulo Pimenta, e a primeira-dama, Janja (foto).
Pimenta é hoje considerado um nome fora do governo e por influência da própria Janja, conforme apurou este portal. Desde o ano passado, a primeira-dama tenta ao máximo impor a sua visão de comunicação institucional tanto a Pimenta quanto a outros integrantes do governo, como o secretário de Produção e Divulgação de Conteúdo Audiovisual, Ricardo Stuckert.
Conforme apurou O Antagonista, Stuckert tem defendido um maior contato do presidente Lula com a população durante os eventos oficiais. Também é dele a ideia de que Lula possa falar mais com veículos de imprensa, inclusive os menos alinhados ao governo federal. Janja é contra as duas ideias. Na visão dela, isso iria expor excessivamente o chefe do Poder Executivo.
Janja também defende uma comunicação mais assertiva e que seja mais agressiva contra os chamados inimigos, em uma postura semelhante à adotada pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, nas redes sociais. Essa tese também é referendada por influenciadores digitais próximos ao Palácio do Planalto, como Felipe Neto.
Megalicitação deu força a Janja na briga contra PimentaO esquema da megalicitação da Secom – revelado com exclusividade por O Antagonista – aumentou ainda mais a desconfiança sobre o trabalho de Pimenta, conforme apurou este portal. E esse ponto vem sendo utilizado por aliados de Lula para tentar rifar o chefe da Secom do cargo. Embora não exista qualquer prova de que o vazamento do processo licitatório ou uma eventual acordo entre as empresas participantes tenha o dedo de Pimenta.
Auxiliares palacianos afirmaram ao site O Antagonista que Janja já externou a vontade de ser nomeada integrante da Secom. Entretanto, a medida esbarra na súmula vinculante número 13 do Supremo Tribunal Federal, sobre nepotismo. Apesar disso, como também mostramos, há precedentes no próprio STF que autorizam a prática.
Lula foi internado na noite desta segunda-feira após ter apresentado uma hemorragia intracraniana, ainda reflexo da queda que ele sofreu em outubro. Ele foi internado em Brasília e transferido para São Paulo para fazer uma trepanação. Até então, imaginava-se que o presidente não seria submetido a outro procedimento. Para surpresa de todos – inclusive de integrantes do primeiro escalão petista, nesta quinta, Lula passou por uma embolização da artéria meníngea média com o intuito de evitar novos sangramentos.
O Antagonista