Relações familiares e histórico empresarial levantam questionamentos
A presença de membros da família Capobianco em cargos na Construcap, como Maria Silva Ribeiro (conselheira), Julio Capobianco Filho (diretor) e Maria Lucia Ribeiro Capobianco Porto (conselheira), levanta questionamentos sobre possíveis conflitos de interesse. João Paulo Capobianco, embora não tenha participação formal na Construcap, divide sociedade com o irmão na Goiasa Goiatuba Álcool LTDA, empresa com capital social de R$ 267,7 milhões voltada ao agronegócio e à geração de energia. Em 2016, Roberto Capobianco foi preso durante a Operação Abismo da Lava Jato, junto com outro irmão, Eduardo, por envolvimento em esquema de propinas na construção do Cenpes da Petrobras. Em 2020, ambos foram absolvidos pelo TRF-4.
Órgãos públicos e consórcio defendem legalidade do processo
O Grupo Cataratas, que falou em nome do Consórcio Dunas, afirmou que a licitação foi conduzida de forma transparente, com ampla concorrência, e ressaltou sua experiência em gestão ambiental e turística. O ICMBio e o Ministério do Meio Ambiente também afirmaram que o processo seguiu as normas legais e foi aprovado por órgãos como BNDES, PPI e TCU. Segundo o órgão, a concessão prevê investimentos obrigatórios em infraestrutura, ações sociais e ambientais, e isenção de ingresso para moradores da região, trabalhadores, estudantes e beneficiários do CadÚnico. João Paulo Capobianco ocupa um cargo que na prática funciona como “vice-ministro” de Marina Silva, tendo já ocupado o posto número 2 do Meio Ambiente na passagem anterior de Marina no Ministério, nos primeiros dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Perspectivas futuras e monitoramento da concessão em Jericoacoara
A concessão do Parque Nacional de Jericoacoara ao Consórcio Dunas representa um investimento significativo no turismo e na conservação ambiental da região. No entanto, as relações familiares entre os envolvidos e o histórico empresarial de alguns membros levantam preocupações sobre a transparência e a ética no processo. É fundamental que os órgãos de controle e a sociedade civil monitorem de perto a implementação do contrato, garantindo que os investimentos prometidos sejam realizados e que os benefícios sejam efetivamente revertidos para a comunidade local e para a preservação do meio ambiente. A continuidade da fiscalização e a exigência de prestação de contas serão essenciais para assegurar a integridade e o sucesso da concessão.