O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) abriu processos administrativos para responsabilizar entidades envolvidas em um esquema de fraudes bilionárias, que atingiu milhões de aposentados e pensionistas em todo o país. No entanto, deixou de fora o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi) — entidade que tem como vice-presidente Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As informações foram reveladas pelo portal Metrópoles e mostram que, mesmo sendo investigado pela Polícia Federal, o Sindnapi não foi incluído nos processos internos do INSS, que buscam responsabilizar organizações beneficiadas por descontos indevidos aplicados nos benefícios previdenciários.
Entre 2019 e 2024, o Sindnapi aumentou seu faturamento em R$ 100 milhões, conforme apontam os dados sob investigação.
Outras entidades também ficaram de fora das ações do INSSAlém do Sindnapi, outras entidades igualmente citadas na investigação da Polícia Federal também não foram processadas administrativamente, como a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) e a Conafer (Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais).
A Conafer, ligada ao ex-ministro da Previdência José Carlos Oliveira (PSD), aumentou os descontos em aposentadorias em impressionantes 57.000% entre 2019 e 2023.
Já a Contag é, segundo os dados investigados, a entidade que mais faturou com os descontos irregulares, arrecadando R$ 2 bilhões entre 2019 e 2024. A confederação é presidida por Aristides Veras Santos, irmão do deputado federal Carlos Veras (PT-PE), outro nome próximo ao governo.
Silêncio e seletividade geram suspeitas
A decisão de excluir do processo justamente entidades ligadas a figuras próximas do presidente Lula levanta questionamentos sobre imparcialidade e blindagem política dentro do governo. Embora o INSS tenha reconhecido publicamente o escândalo e anunciado medidas para ressarcir os lesados, a ausência de ação contra o Sindnapi chama atenção pela gravidade das acusações e pelo montante envolvido.
A Polícia Federal segue investigando o caso, que já revelou fraudes estimadas em R$ 6,3 bilhões, com descontos aplicados sem autorização legal diretamente nos contracheques de aposentados.