Na última semana, o Brasil registrou quase mil focos de incêndio no Pantanal. Já são 80 dias de operação, com investidas diárias do Corpo de Bombeiros.
“É um trabalho muito dinâmico. Às vezes a gente consegue fazer um combate às margens do rio, às vezes a gente consegue fazer um combate com aeronaves, mas a maioria é por via terrestre. Então, essa dificuldade de levar a estrutura, os equipamentos e o pessoal para o combate é real aqui no Pantanal”, afirma a Tenente Coronel Tatiane Dias de Oliveira Inoue.
Por todos os lados, o fogo avança queimando o bioma, em uma região que está seca desde abril. São 71 dias sem chuva expressiva. Os animais pantaneiros não têm para onde correr.
“Os animais das mais diversas espécies buscam se agrupar nesse pequeno recurso hídrico, inclusive misturando fauna silvestre e animais de produção. É muito comum encontrar nas baías onde ainda existe água a presença de bovinos, inclusive ainda fazendo uso do recurso hídrico. Mas, infelizmente, répteis, anfíbios e peixes das pequenas baías acabam sucumbindo porque a água aquece demais”, diz a bióloga e médica veterinária Paula Helena Santa Rita.
A fumaça densa toma conta a ponto de o grupo ter que se juntar e aglomerar, porque a visão fica prejudicada. É difícil de respirar e o calor é intenso. Por isso, para que ninguém se perca, vão todos juntos, guiados pela equipe do Corpo de Bombeiros.
Os bombeiros encaram um cenário exaustivo, monitorando as áreas atingidas por terra e pelo céu. “A gente tem uma dificuldade muito grande de acesso, principalmente às áreas remotas do Pantanal. O deslocamento é muito prejudicado tanto por terra quanto por água”, afirma Elcio Matheus Barbosa, 2º sargento dos Bombeiros.
As chamas extintas muitas vezes voltam a arder, até mesmo às margens do Rio Paraguai. Assim, as equipes do Corpo de Bombeiros usam equipamentos, como motobombas, para resfriar a área.
“Eu estava ajudando a apagar o fogo porque tenho um barraco bem perto. Se vai para lá, pega meu barraco”, diz o ribeirinho Antonio Donizete Matos.