Uma fala extremamente polêmica do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), gerou forte repercussão nacional e pode se tornar um marco de crise política no estado. Durante um evento recente, o chefe do Executivo baiano fez declarações consideradas por muitos como incitação à violência contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores. Segundo relatos, Rodrigues teria sugerido a utilização de uma retroescavadeira para lançar os corpos dos bolsonaristas em uma vala comum, gesto interpretado como apologia ao extermínio em massa de adversários políticos.
Pedido de impeachment é protocolado na Assembleia LegislativaDiante da gravidade das declarações, o deputado estadual Leandro de Jesus (PL) decidiu protocolar um pedido formal de impeachment contra Jerônimo Rodrigues. No documento, o parlamentar destaca que a fala do governador ultrapassa todos os limites do debate político e democrático, representando um grave atentado contra a integridade de milhões de brasileiros.
“Trata-se de uma exortação à violência, um discurso que beira o genocídio político. O governador não apenas atacou um ex-presidente da República, como também sugeriu o extermínio físico de cidadãos por motivo ideológico”, afirma o deputado. A solicitação de impeachment foi recebida com apoio de parte da oposição e já começa a mobilizar setores jurídicos e civis que consideram a fala como incompatível com o cargo de chefe de estado.
Tentativa de recuo e pedido de desculpas
Após a repercussão negativa, Jerônimo Rodrigues tentou minimizar o estrago. Em nova declaração, afirmou que suas palavras foram mal interpretadas e que não teve a intenção de incitar violência contra ninguém. Disse ainda que, se ofendeu alguém, pede desculpas. Entretanto, para muitos críticos, o pedido de desculpas soa como uma tentativa desesperada de controlar os danos já causados, em vez de um verdadeiro arrependimento.
“Dizer que foi mal interpretado é uma desculpa já muito usada por políticos quando são flagrados dizendo aquilo que realmente pensam. Mas o contexto e a clareza das palavras de Jerônimo não deixam muito espaço para interpretações alternativas. A fala foi dura, direta e absolutamente incompatível com a postura que se espera de um governador”, comenta um analista político.
Repercussão nas redes sociais e na imprensa
A indignação tomou conta das redes sociais. Milhares de usuários expressaram repúdio à fala de Jerônimo Rodrigues, com hashtags como #ImpeachmentDeJerônimo e #ForaJerônimo figurando entre os assuntos mais comentados do X (antigo Twitter). Vários influenciadores, jornalistas e personalidades públicas também se posicionaram, reforçando a necessidade de responsabilização.
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Nos principais veículos de imprensa, a cobertura foi intensa. Programas de rádio, TV e portais de notícia dedicaram espaço para analisar a fala do governador e o desdobramento do pedido de impeachment. Juristas também foram ouvidos, e muitos consideram que há fundamentos legais suficientes para dar seguimento à ação, com base em princípios constitucionais que vedam incitação à violência e discursos de ódio.
A banalização do discurso de ódio
O episódio levanta um alerta importante sobre o estado do discurso político no Brasil. O uso de palavras agressivas, a desumanização do adversário e a incitação à violência têm se tornado práticas cada vez mais comuns em setores da política. O caso de Jerônimo Rodrigues é, talvez, um dos mais graves exemplos disso, pois parte de um representante institucional com responsabilidades públicas.
“Não se trata apenas de uma opinião. Quando um governador fala, ele fala com o peso do Estado. Suas palavras influenciam, moldam atitudes e refletem valores. Ao fazer uma alusão à eliminação física de opositores, Jerônimo ultrapassou uma linha perigosa que fere os fundamentos da democracia”, afirma um professor de Direito Constitucional consultado pela reportagem.
Clima de tensão na política baiana
Na Bahia, o clima político esquentou. Partidos da oposição intensificaram as críticas ao governador, enquanto lideranças aliadas tentam, sem muito sucesso, defender sua postura. Internamente, há preocupação entre aliados de que o episódio possa afetar o capital político de Jerônimo Rodrigues, que ainda tem um longo mandato pela frente.
A base governista, até então sólida, já mostra sinais de racha. Alguns deputados estaduais, mesmo do campo progressista, admitiram desconforto com a fala do governador. “Foi infeliz e perigosa. O que ele disse não nos representa. Nós lutamos por democracia, não por discursos que remetem a práticas totalitárias”, disse um parlamentar da base que preferiu não se identificar.
O peso da responsabilidade pública
A Constituição Federal é clara ao exigir conduta ilibada e responsabilidade na atuação de agentes públicos. A incitação à violência, mesmo sob o pretexto de “força de expressão”, não encontra respaldo legal. O episódio envolvendo Jerônimo Rodrigues, portanto, pode abrir precedente importante sobre os limites do discurso político no Brasil.
Enquanto o pedido de impeachment segue para análise jurídica e regimental na Assembleia Legislativa da Bahia, a sociedade civil acompanha atentamente os desdobramentos. Independentemente do resultado, o caso serve como alerta: autoridades públicas precisam pesar cada palavra dita, pois, em tempos de polarização, um discurso inflamado pode se transformar em tragédia.
Considerações finais
O Brasil precisa de diálogo, não de discursos que flertam com o ódio e a violência. O papel de um governador vai muito além de defender bandeiras partidárias: ele deve ser exemplo de equilíbrio, respeito e compromisso com o bem-estar de todos os cidadãos, independentemente de sua escolha política. Jerônimo Rodrigues, ao que tudo indica, falhou nesse papel de forma grave.
E, apesar de seu recuo e pedido de desculpas, talvez seja mesmo tarde demais para apagar o impacto de suas palavras. A democracia exige responsabilidade — e ela cobra seu preço.
O governador Jerônimo Rodrigues sentiu a pressão após ter um pedido de impeachment protocolado por mim e PEDIU DESCULPAS após sugerir a M0RTE de bolsonaristas. Tarde demais, governador! Pode falar que foi descontextualizada ou fake news, mas nós sabemos o que ouvimos. Não ficará… pic.twitter.com/TQM2mxdT46
— Leandro de Jesus (@VouComLeandro) May 5, 2025